Padre Jô leva a Palavra de Deus em forma de boa música ao Municipal

Posted by Chris Fuscaldo Category: Entrevistas

Padre Jô em foto de Elaine CarlssonAnalisando apenas as propagandas do show “Pérolas – Ao vivo”, que Padre Jô apresentará no Teatro Municipal de Niterói na segunda-feira 22 de julho, não se percebe facilmente que Padre Jô é um homem a serviço de Deus muito à frente do seu tempo. É preciso ouvir as músicas dos seis álbuns lançados em seus 15 anos de carreira e bater um papo com ele para descobrir que, além de atrair fiéis através desta atividade paralela, Padre Jô se preocupa em levar, aos que procuram ouvi-lo, música de qualidade e mensagens de paz e harmonia. A não ser que algum fã lhe peça, ele não costuma incluir canções de seu repertório nas missas que celebra desde 2005 na Paróquia São Francisco Xavier, em Niterói. Já nos shows, quebrando preconceitos, gosta de misturar composições próprias a sucessos da MPB que admira. No concerto que apresentará na véspera do início da Jornada Mundial da Juventude, ele cantará até Ângela Ro Ro.

“A Ângela Ro Ro largou o vício e busca uma vida mais equilibrada. Escolhi uma música da fase redimida dela que se chama ‘Compasso’. Estou ensaiando também ‘Acredito na Rapaziada’ (Gonzaguinha). Algumas pessoas talvez pensem que não pega bem para um padre cantar esse tipo de música, mas acho que não tem nada demais. Eu acredito na rapaziada mesmo, essa que acorda cedo e enfrenta o rojão. Precisamos abandonar os rótulos”, diz.

Mineiro de Conselheiro Lafaiete, Josumar dos Santos cresceu assistindo às performance do avô como trompetista de tradicionais bandas de música do interior de Minas Gerais. Ouvia sempre a mãe cantarolando clássicos de sua época, entre eles os de Nelson Gonçalves. E começou a formar seu próprio gosto musical quando ainda, muito jovem, entrou para as fileiras da Congregação dos Filhos da Divina providência, fundada por S. Luis Orione. Primeiro, encantou-se com os conterrâneos do Clube da Esquina, entre eles Milton Nascimento, Beto Guedes e Lô Borges. A paixão por esses e outros expoentes das décadas de 1960 e 70 ficou ainda mais forte durante o período em que cursou a faculdade de Filosofia, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

“A faculdade abre mais a cabeça da gente, né? Tinha um baiano que estudava comigo e gostava de música que conhecia mais Beto Guedes do que eu. Saíamos juntos por Curitiba, fazíamos som na casa de paroquianos e amigos… ele tocava e eu cantava. E eu gostava de tudo o que aparecia na época: Elba Ramalho, Gal Costa, Djavan, Zé Ramalho, Maria Bethânia, Fagner. Eu acho algumas canções do Caetano Veloso, por exemplo ‘Trem das Cores’ e ‘Luz do Sol’, verdadeiras obras-primas”, comenta Padre Jô.

Com boa formação – além da Filosofia, estudou Teologia e Psicologia no Rio de Janeiro e em Niterói –, o sacerdote da congregação orionita aprendeu a compor sem apelar para rimas pobres, melodias fáceis ou arranjos populares. Parceiro na maior parte das composições de Demétrio Gil, que é também diretor musical dos seus álbuns desde o terceiro deles, Padre Jô fala sem pieguice de amor, fé, paz, revolução, tudo aquilo de que o mundo e os seres humanos que nele habitam andam precisando. Otimista com a escolha do Papa Francisco, que pretende reaproximar a Igreja das pessoas mais simples, o pároco usa seu dom para pregar que é preciso respeitar as diferenças. Canção que estará no repertório do show no Municipal, “Quando Tudo Passar” fala sobre sua ânsia por um mundo melhor: “Quando tudo passar, eu quero um mundo mais faceiro e transgressor / Onde a gente possa rir de tanta coisa que era séria”.

“Essa música faz sucesso entre os jovens, até com aqueles não frequentam a Igreja. Eu poderia dizer a mesma coisa com uma linguagem mais ortodoxa, mas estou cantando de um jeito mais humano. Gosto de passar mensagens implícitas. Ao invés de dizer ‘Jesus, eu te amo, você é meu salvador’, prefiro dizer de forma subentendida: ‘Ele veio ao meu encontro quando eu menos esperava’. Não faço música que apela facilmente para a emoção, como algumas canções que exageram no sentimentalismo… gosto de agradar a quem gosta de música de verdade. Já cogitei fazermos um disco mais simples, mas o Demétrio foi enfático: ‘Se quiser ser igual a todo mundo, a gente faz. ‘ Desisti por enquanto”, conta o Padre.

Acompanhado por Mauricio Canutto (teclado), Alex Oliveira (baixo), Bruno Bizzo (guitarra), Diego Ramos (bateria), Thiago Feliciano (sax e flauta), além de Tracy Rangel, Therezinha Santos e Rodrigo Rios (backing vocal), Padre Jô não deixará os devotos de Deus sem a releitura que fez de “Ave Maria”. “Humano” e “Rainha do Brasil” também estarão no roteiro, assim como outras canções dos álbuns “Inexplicável Amor” (1998), “Sem Perder a Ternura” (2001), “Humano” (2004), “Quanto Tudo Passar” (2006), “Fragilidade” (2008) e “As Coisas Mais Simples” (2011). É a Palavra de Deus em forma de boa música.

Serviço: Padre Jô no show ‘Pérolas – Ao Vivo’
Data: Segunda-feira, 22/07/2013
Horário 19h
Local: Teatro Municipal de Niterói (Rua XV de Novembro, 35 • Centro • Niterói • Tel: 21.2620-1624)
Ingresso: R$ 50,00
Duração: 90 minutos / Classificação etária: Livre

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