O Dia Mundial do Rock por Luiz Antonio Mello

Posted by Luiz Antonio Mello Category: Colaborações

Freddie Mercury Live AidO Dia Mundial do Rock foi criado no dia 13 de julho de 1985, enquanto acontecia o gigantesco festival Live Aid, organizado por Bob Geldof e Mide Ure com o objetivo de arrecadar dinheiro para os famintos da Etiópia. Espero, sinceramente, que os corruptos tenham deixado pelo menos 10% da grana para os famintos. Exagero meu, eu sei, mas é só para lembrar.

Bob GeldofBom, fato é que ninguém sabe quem criou o Dia Mundial do Rock, o que é muito bom. Afinal, estamos falando de um gênero musical que nasceu dançante entre 1949 e 1955 no delta do Mississippi, EUA, quase que acidentalmente. Os historiadores da música dizem que Chuck Berry acelerou o blues de Muddy Waters e amigos (Howlin’Wolf, Willie Dixon e outros magistrais cachorrões) e o rock foi parido, no meio da rua. Sem Samu, sem SUS, sem mãe, sem pai.

Chuck BerryTinha tudo para se eternizar como filho pródigo da América opulenta, vaidosa, reacionária e imbecil do pós-guerra, com direito a um branco de olhos azuis que rebolava como uma chacrete e virou ídolo mundial. Quem não gosta de Elvis Presley? Difícil achar alguém que não tenha caído na rede do talento imbatível do chamado “Rei do Rock”. Só que, para agradar a América branca, reacionária, caçadora de geladeiras e Cadillacs, Elvis (uma anta que politicamente lembra a alienação ampla, geral e irrestrita do nosso Wilson Simonal) deixou que seu empresário, o coronel Parker, o alistasse no exército. Elvis ficou reco, vestiu a farda e fez algumas encenações na guerra da Coréia. O mesmo que Madre Teresa de Calcutá decidisse recriar as de Luz Del Fuego e suas jiboias encantadas.

Elvis Presley na guerraO que ele não previa (alheio, Elvis não previa nem quando estava com vontade de fazer xixi) é que uma corrente do folk, à bordo de Bob Dylan, Pete Seeger e outros, estavam politizando a música pop contemporânea. O rock ganhava contornos rebeldes, pacifistas e, obviamente, não iria tolerar que seu rei ficasse dando tiros na Coréia. Foi quando aconteceu a invasão britânica, no início dos anos 1960, a princípio com os Beatles e Stones. Depois com dezenas de outros nomes.

Invasão BritânicaEm ondas assimétricas, o rock entra e sai da cena mundial. Atualmente, anda pelas periferias das grandes cidades enquanto outros gêneros acampam nas orelhas e cabeças do povo. No Brasil, impera a ditadura do cruzamento do sertanejo universitário com pagode de quinta, enquanto que as bandas de rock tocam em muquifos quase invisíveis, longe, muito longe daqui. Afinal, rock virou slogan de carro, jingle de banco e não vai de surpreender se virar hino da PM. Mas, tudo bem, os autênticos voltarão em breve, para comemorarmos, sempre, todos os dias que são dias mundiais do rock.

 

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