Elba Ramalho cantou, conversou e homenageou Deus e Dominguinhos

Elba Ramalho 3Quem perdeu a gravação do Palco MPB com Elba Ramalho na última segunda-feira (20/05), no Teatro Sesi Centro, no Rio de Janeiro, pode se deliciar com as músicas novas e os clássicos da cantora nesta segunda (27/05), às 19h, pela rádio MPB FM (90,3 MHz). Além de responder a perguntas da plateia e do apresentador Fernando Mansur, Elba apresentou o show “Vambora Lá Dançar”, baseado no disco que lançou recentemente. Com forrós e baladas, este é o 31º trabalho da cantora que, segundo Mansur, “personifica a música brasileira”.

“É um disco relaxado. Comecei a trabalhar nele há três anos e acabei agora”, contou Elba.

O show começou com “Embolar na Areia”, música de Hebert Azul que abre o novo disco. Elba entrou deslumbrante em uma calça justíssima dourada, que mostrava sua ótima forma, uma bela blusa de renda preta e uma sandália que… só ela para aguentar dançar aquele salto! E homenageou Antônio Barros, um compositor que admira, convidando a plateia para cantar com ela “Bate Coração” e “Homem com H”. Com a banda, apresentou “Deitar e Rolar”, uma das parcerias dele com Cecéu que está no álbum “Vambora Lá Dançar”: a outra é “Tu de Lá, Eu de Cá”. Entre uma canção e outra, apresentou a música de uma compositora mais nova na cena, Monique Kessous, chamada “Frevo meio Envergonhado”.

“Trouxe parceiros novos para esse disco”, avisou Elba, que emendou uma balada intitulada “Por Que Tem Que Ser Assim?”: “O lado B da Elba são as canções. Apesar de ser festa, a gente sabe ser também o amor.”

Depois de entoar a canção de Chico Pessoa e Cezinha, a cantora trouxe ao palco a lembrança de um parceiro mais constante em seus últimos trabalhos, Chico César, cantando “Quando Fecho os Olhos”. Outra balada apresentrada nesse bloco de músicas foi “Onde Deus Possa me Ouvir”, uma composição do mineiro Vander Lee já gravada por Gal Costa. Ao voltar ao palco, Fernando Mansur estimulou Elba a expor seu lado mais místico.

“Você só se conhece se buscar auto-conhecimento, meditar e não buscar alegria nas coisas da terra, porque elas não são perenes como a fé”, comentou Elba, que desabafou sobre o que significa para ela estar no palco: “É transcendental, é divino, terapêutico.”

Elba falou sobre o grande amigo e parceiro Dominguinhos, internado desde dezembro devido a complicações decorrentes de um câncer de pulmão: “Sou amiga dele há mais de 30 anos e é uma escola. Acho que Dominguinhos não foi tão reconhecido como merecia. Ele deixa qualquer grande maestro de boca aberta.” Logo após interpretar “Minha Vida é te Amar”, de Dominguinhos e Nando Cordel, contou a história de como ganhou um de seus maiores clássicos: “Há mais de 20 anos, pedi a ele uma canção. Ele mandou um baião do qual não gostei. Eu escutava e não sentia nada. Aí, ele falou: ‘Tá bom, vou lhe dar uma canção!'”. E entoou “De Volta pro Aconchego”.

Elba Ramalho no CD Vambora Lá DançarA cantora avisou que agora vive só pra Deus e interpretou “Conceição dos Coqueiros”, música que lembra a cidade paraibana onde nasceu, Conceição. Em seguida, celebrou o São João das cidades do interior da Paraíba. “Pra grande nação nordestina, São João é a festa. Eu nasci no interior e, quanto mais interior, mais original é a festa. A gente tinha tradições, superstições. Enfiava a faca na bananeira para ver se aparecia o nome do homem com o qual ia casar. Fora isso, tem as bandeirinhas, a música, a comida nordestina. A cada ano as cidades se aprimoram e a festa cresce sem perder a originalidade”, afirmou.

Ao ser perguntada sobre onde ficou seu lado atriz, Elba disse que a “música falava mais alto” e contou que começou tocando bateria em uma banda de rock e atuando em peças de teatro. “Mas quando o bicho da música morde, não tem jeito. Mas acho que a atriz está no palco também. Sou uma cantriz”, brincou.

Voltando aos clássicos, Elba apresentou “A Natureza das Coisas” e “Ave de Prata”, composição de Zé Ramalho que ela gravou e deu nome a seu primeiro disco, de 1979, e fez piada com a nova onda do momento: “Todos os meus parceiros daquela época compunham aquilo que eles estavam vendo em mim. Ninguém pensava em fazer tararatata ou tereretete. Não que eu tenha nada contra.”

Elba entoou ainda “Não Chora, Não Chora Não”, de Petrúcio Amorim, que está em seu novo disco, e fez uma campanha de solidariedade aos jovens que virão ao Rio para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento organizado pela Igreja Católica: “Estou fazendo uma campanha de hospedagem. Sou católica de ir à missa e fazer a eucaristia todos os dias. Tô muito feliz que o Rio vai acolher milhares de jovens que vêm orar. Eu vou abrir as portas da minha casa e me ofereci para recebê-los. Os peregrinos são todos escolhidos, eles só querem um lugar para tomar banho e dormir. Cada vez mais o povo se afasta de Deus e acho que a Jornada Mundial da Juventude vai ser um grande marco para a renovação da espiritualidade em nossos corações.”

Ao violão, começou “Chão de Giz”, mas uma das cordas arrebentou. “Gostoso Demais” substituiu o clássico até que o instrumento voltasse para ela tentar novamente. Lindo número! O show terminou com “Frevo Mulher”, terceira canção de Zé Ramalho trazida para o repertório deste show.

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