Luiz Melodia é daqueles artistas que, entra ano e sai ano, mantém-se no mesmo patamar. E falo isso para elogiar o cara. Curto a maneira como ele compõe e como canta. E, imaginem só, desde a década de 70, quando apareceu em disco pela primeira vez, Melodia nunca chegou ao topo das paradas de sucesso. E isso também é ótimo, porque, dessa forma, ele também não experimentou a queda. Luiz Melodia nunca saiu de moda e sempre foi muito respeitado. Sua obra consiste em pouco menos de 20 discos, todos lançados somente quando o músico tinha algo a dizer. Três deles, os primeiros de sua discografia, acabam de ser remasterizados e ganharam arte gráfica original para a série Três Tons: “Pérola Negra”, de 1973, “Felino”, de 1983, e “Pintando o Sete”, de 1991. A caixa traz ainda um encarte especial com um texto de Ricardo Moreira sobre os álbuns.
Nem sambista como o pai, Oswaldo Melodia, nem soulman como Tim Maia, Luiz Melodia chegou ao mercado dos discos com “Pérola Negra” consagrando como sucessos as músicas “Estácio, Eu e Você”, “Estácio, holly Estácio” – uma declaração de amor ao bairro carioca onde cresceu – “Vale Quanto Pesa” e a faixa-título. “Felino” foi o quarto LP lançado depois do primeiro. Mais pop, mais dançante, porém nada “hermético” – parafraseando o adjetivo de Ricardo – “Felino” chegou depois da experiência de Melodia com Gal Costa na gravação em conjunto de “Presente Cotidiano” e da conquista do primeiro lugar no Festival Abertura da TV Globo com a canção “Ébano”. Em 1991, “Pintando o Sete” tentou e conseguiu trazer o artista de volta ao mercado depois de um período em que a MPB foi abafada pelo rock dos anos 80. O ponto alto do disco é a versão de Melodia para “Codinome beija-flor “, grande sucesso de Cazuza, Ezequiel Neves e Reinaldo Árias.