“Música Crocante” é o nome do álbum mais recente do Autoramas, lançado no segundo semestre de 2011. A banda, que é uma das mais bem sucedidas do cenário independente nacional, está na estrada desde 1997 e passou por algumas mudanças. Atualmente está com Gabriel Thomaz (vocal e guitarra), Bacalhau (bateria) e Flávia Couri (baixo) em sua formação. Bacalhau fala ao GarotaFM das dificuldades de ser uma banda “alternativa”, de como se articulam para fazer turnês internacionais, das influências e do fato de ter sido a única banda a tocar de forma acústica no “MTV Apresenta”.
O título desse disco tem algum significado especial pra vocês?
Acho que é o momento que estamos vivendo. As músicas têm essa crocância que o disco sugere. É um momento bom da banda, nós viemos de uma turnê europeia bem sucedida.
Essa turnê internacional foi desse disco ou do anterior?
Na verdade, todo ano a gente acaba indo para a Europa e a gente testa umas músicas lá. Nessa última turnê, testamos três ou quatro músicas que estão no disco e isso tem funcionado. A gente aproveita todos os shows pra tocar as músicas novas, para testar.
Como vocês conseguem sobreviver no mercado independente?
Acho que porque nós sempre fizemos nossas escolhas, sempre corremos atrás. A gente tem um escritório que trabalha junto com a gente, tem nossa empresária que está sempre com a gente… E a gente ganhou já três prêmios na MTV que também ajudou bastante o nosso trabalho.
Nenhuma gravadora procurou por vocês ou já houve proposta e vocês não aceitaram?
Não, nunca tivemos. Até gostaríamos que tivesse uma gravadora interessada, mas também nunca precisamos e nunca esperamos. A gente sempre correu atrás e fizemos acontecer. E estamos fazendo acontecer até agora.
Como acontece esse contato para fazer essas turnês internacionais? Sendo uma banda independente dificulta mais?
É difícil sim… são anos tentando fazer e a gente já vai pra Europa há mais de cinco anos. E a gente tenta tocar em festivais, pubs, a gente toca em vários tipos de lugares. Quando você tem uma gravadora fica mais fácil, mas estamos correndo atrás disso. Estamos conseguindo isso de forma independente e estamos querendo lançar o disco novo lá também.
Esse disco é o primeiro por uma gravadora ou na verdade é só uma parceria para distribuição?
Na verdade, esse disco foi feito por nós juntos com os fãs e a gravadora Coqueiro Verde, para celebrar esse momento que a gente tá passando. A Coqueiro é mais uma gravadora do que uma distribuidora. É um prazer estar lá, tudo uma maravilha. Eles ajudaram muito na distribuição e colocando a gente em lugares que a gente não conseguia.
Vocês gravaram esse CD com a ajuda dos fãs através de um site. Como funcionou isso?
A gente começou a gravar independente e o site “Embolacha” acabou batendo um papo com a gente. Conversamos sobre isso e achamos interessante a ideia e nós lançamos um valor e colocamos 45 dias para conseguir alcançar essa meta e a gente conseguiu e foi muito bom, super gratificante. Atingimos a meta nos 45 dias. As pessoas pagavam um valor, cada recompensa tinha um valor que foi de vinte a cinqüenta mil reais e, conforme o valor, eles tinham uma recompensa, desde ir ao show de graça, ganhar o disco, entre outras coisas. E, depois que a gente conseguiu alcançar essa meta, apareceu a Coqueiro Verde e fechou com chave de ouro.
Vocês mantêm contato direto com os fãs através das mídias?
Sim, bastante! O pessoal que contribuiu é o pessoal que vai ao show e está sempre com a gente. É uma galera que acompanha a gente há muito tempo.
E qual a maior influência de vocês atualmente?
No geral, a gente gosta muito de rock latino, uma coisa psicodélica, uma guitarrada do Pará, um rock turco, umas coisas assim. Rock de um modo geral, do mundo inteiro.
Vocês foram a primeira banda a se apresentar no “MTV Apresenta” de forma acústica, apesar de vocês terem certo peso no som de vocês. Como foi a ideia de tocar desplugado?
Foi bom porque a gente tinha tanta música que a gente não tocava que estavam perdidas entre os CDs e teve gente que pediu no show. O desplugado foi legal que a gente desconstruiu isso tudo e fizemos de uma forma diferente, foi um trabalho bem difícil porque a gente demorou um bom tempo ensaiando, descobrindo para dar certo. Porque rearranjar suas próprias músicas, escutá-las e pensar numa forma diferente foi bem complicado, mas foi muito bom e ajudou muito para o “Música Crocante”. Foi um desafio.
Como vocês vêem o mercado independente nacional atualmente?
Eu acho que agora talvez tenha um mercado, não sei se tão grande. Mas soube que os festivais têm aumentado e a estrutura também. A Feira de Música tem sido um sucesso… eu não frequento muito, mas tenho acompanhado as coletivas e tem começado a engatinhar com alguma infraestrutura.