Julia Bosco larga o petróleo pela música e lança um disco com participação do pai, João Bosco

Posted by Chris Fuscaldo Category: Entrevistas

Não foi quando menina que Julia Bosco decidiu ser cantora. Tampouco a vontade veio por influência do pai, apesar de ser apaixonada pela obra dele. A filha de João Bosco trabalhava como consultora em uma multinacional do petróleo, mas frequentava rodas de samba e saraus. Quando conheceu o músico e produtor Fabio Santanna, não teve mais dúvida: com ele se casou e gerou o primeiro filho, “Tempo”, que chega às lojas sem correr qualquer risco de comparação.

“A gente fez quase todas as músicas para o disco diretamente, pensando nelas como parte de um projeto único, como um enredo que se desenha desenvolvendo um tema. Algumas coisas acabaram não entrando justamente porque saíram um pouco deste tema comum que amarra o ‘Tempo’ e estão guardadas para projetos futuros”, explica Julia.

O enredo é a vida de Julia, que hoje tem 32 anos, e a paixão pelo jazz foi o que ajudou o casal a dar uma unidade ao álbum, que tem produção de Fabio e Plinio Profeta. A cantora carioca e o marido dividem a maioria das composições, mas algumas eles assinam separadamente. Entre as participações estão a de Marcos Valle (“Curtição”) e de seu pai (“Na Oração”):

“As participações têm cada uma um valor muito especial para mim. O Marcos é um ídolo de sempre. Eu estudava os discos dele e ficava chocada com tanto suingue. Ele é um homem solar, que irradia alegria e luz. Tê-lo no disco foi um presente. O papai foi uma participação muito emocional, apesar de eu também ser absolutamente alucinada pelo trabalho dele, mas a música que ele toca no meu disco foi feita para ele com o coração, é diferente… Foi uma ligação a mais que a gente estabeleceu ali, não dá muito para explicar. E o Plínio foi o nosso ‘toque especial’. Fabio fez o convite porque eles são amigos. Ele dizia: ‘Esse cara faz aqueles discos do jeito que você gosta, vai por mim que vai ser lindo!’ E realmente foi. O Plínio é um produtor super zeloso, um amigo querido e tem um bom gosto incrível. No final, eu só saí ganhando.”

Fale um pouco da sua infância.

Nasci no Rio de Janeiro, mas fui criada no eixo Rio-Belo Horizonte, porque como meus pais viajavam muito em longas turnês quando éramos pequenos, meu irmão Francisco e eu acabávamos passando um terço do ano com a família em Minas Gerais.

Por que você demorou a optar pela carreira artística?

Eu percebi que poderia cantar bem mais tarde do que as pessoas me diziam que eu deveria cantar e, por isso, demorei a assumir essa posição. Enquanto não brotasse dentro de mim uma grande certeza, eu não faria! E isso veio ali, quase na casa dos 30…

O fato de ter um pai famoso (e celebrado na MPB) fez com que você adiasse esse sonho?

Não, de forma alguma. Era uma questão exclusivamente minha.

Você achou que ter um pai famoso poderia ajudar ou atrapalhar? Em que momento se deu conta de que valeria a pena tê-lo como parceiro nesse projeto?

Não pensei em “ajudar ou atrapalhar”, pensei nos bons conselhos que ele me daria e no conhecimento que poderia dividir comigo, como ele de fato faz. E isso acaba ajudando.

Você ainda trabalha como consultora de petróleo?

Não, pedi demissão depois de muita ponderação no momento em que as caixas com os primeiros mil discos chegaram à minha casa e eu pude entender que agora eu teria um novo trabalho que exigiria uma dedicação exclusiva. Isso foi praticamente ontem, em setembro de 2011.

Como é dividir a vida e, agora, a obra com Fabio Santanna?

É fácil e prático por um lado, mas requer um cuidado maior por outro. Quando se trabalha com o seu parceiro de vida, você tem que saber dividir bem as duas realidades, para não deixar nem o trabalho correr frouxo e nem o relacionamento ficar de lado. Mas acho que como para tudo na vida, isso é só uma questão de equilíbrio. O mais importante, e também o mais difícil, é dar a sorte que eu dei em encontrar uma pessoa que tivesse tanta afinidade comigo.

O que você ouve normalmente?

Nossa, eu ouço um pouco de tudo e um muito de pouco… Tem coisas que são sagradas para mim e que vão de Nina Simone a Pink Floyd passando por Jackson do Pandeiro e Dolores Duran, mas procuro conhecer o que toca hoje em dia, para não ficar por fora dos papos!

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