Em evidência por conta da música “Samba”, gravada por Ricky Martin e Claudia Leitte, o carioca Marcelo Mira se uniu a Armandinho e Fredinho (da banda Macucos, de Vitória) para formarem um trio de surf music, intitulado de Praia Trio. O disco foi gravado no estúdio de Armandinho, na Praia Brava, Santa Catarina. São 15 músicas, sendo cinco de cada artista, mas recriadas pelo trio, que canta junto em todas as faixas. “Desenho de Deus”, música de Armandinho que ganhou projeção nacional, e “Divida”, da banda Alma D’Jem, liderada por Mira e que fez bastante sucesso entre os surfistas, estão no repertório. Nesse bate-papo exclusivo com o GarotaFM, Marcelo fala do espaço que ele ganhou após a gravação do ex-Menudo com a estrela baiana, dos tempos em liderava uma banda de reggae e dos encontros que têm pontuado sua carreira.
Quando você compôs “Samba”, esperava toda essa repercussão?
Quando a gente compõe uma música, deseja que ela vá o mais longe possível. Mas quando vi a dimensão que “Samba” tomou em alguns países nas vozes da Claudia Leitte e do Ricky Martin, confesso que surpreendeu minhas expectativas.
Ter uma música lançada por um astro internacional como Ricky pode abrir portas lá fora?
Com certeza. O mundo está de olho no Brasil e a música brasileira sempre foi um dos nossos maiores cartões de visita. Aos poucos, vamos fazendo contato com outros compositores e intérpretes estrangeiros e abrindo novos caminhos. O fato de ja ter tido músicas de minha autoria gravadas por Ricky Martin e também pelo rapper Ja Rule ajudam a dar credibilidade.
Fale um pouco sobre sua trajetória com a banda Alma D’Jem?
O Alma D’Jem nasceu em 1997, em Brasília, quando eu ainda morava lá. Sempre tive vontade de ter uma banda e achei que era o momento certo. Me identifiquei com o reggae naquela época e as canções começaram a nascer naturalmente, caindo no gosto da galera ligada ao surf no Brasil inteiro. Depois disso, fomos convidados pela EMI em 2002 a mudar pra São Paulo e lançamos mais dois discos. Em 2008, vimos que era hora de fechar o ciclo e cada um se dedicar a seus projetos pessoais.
Em que momento você percebeu que era a hora de partir para uma carreira solo?
Vi que o Alma D’jem tinha um respeito grande no mercado e havia conquistado muitos fãs. Só poderíamos continuar e gravar um próximo trabalho se estivéssemos totalmente comprometidos com a banda. Mas tínhamos alguns projetos pessoais que tinham que ser tocados naquela hora. Então decidimos finalizar a banda e nos dedicarmos ao que acreditávamos naquele momento. Pra mim, iniciar uma carreira solo foi uma boa oportunidade pra experimentar outros estilos. A MPB e o pop sempre fizeram parte da minha história.
Suas composições já foram gravadas por artistas de vários gêneros. Quais as músicas que você destaca, entre as que ficaram conhecidas através de outros vozes?
A primeira a ganhar grande destaque na mídia foi a música “Fly/Meu Momento” gravada pela Wanessa com o rapper Ja Rule. Nesse disco da Wanessa, tem oito músicas minhas em co-autoria. Mas antes já tinha sido gravado num disco da banda Falamansa (música “Teu Lugar”) e no DVD do Natiruts (“Iluminar”) com boa repercussão. Agora veio o “Samba”.
Agora você investe num novo projeto, de surf music. Fale um pouco sobre ele.
Fui convidado pelo Armandinho, cantor de reggae, e pelo Fred da banda Macucos, lá de Vitória do Espírito Santo, para fazermos um disco bem praiano com cinco composições de cada um e os três cantando todas as músicas. O projeto se chama Praia Trio. É um disco bem beira de praia, com bastante som de violão, percussão… Adoramos o resultado e tenho certeza que vai agradar as pessoas no verão.
O que achou da crítica de Luana Piovani (via Twitter) a respeito do clipe de Claudia Leitte e Ricky Martin?
Não concordei com as críticas. Achei o clipe de bom gosto. Ressaltaram elementos brasileiros tradicionais das escolas de samba como o mestre-sala e a porta-bandeira, sem perder a modernidade que a produção do DJ Deeplick oferece. Acho que temos que dar todo apoio para que cada vez mais artistas brasileiros ganhem espaço e levem nossa música pro mundo inteiro. Isso fortalece o mercado musical. Outra coisa que não concordo é essa polarização do público entre Claudia Leitte e Ivete Sangalo. Quanto mais artistas brasileiros em destaque tivermos, melhor. Nos Estados Unidos, cantoras como Beyoncé, Rihanna e Lady Gaga, por exemplo, coexistem e interagem naturalmente. Cantei com a Gaby Amarantos, essa nova grande estrela da música, lá em Belém, e fui recebido pelo público dela de braços abertos. Foi incrível.
A parceria com esses artistas pode render novos projetos?
Espero que a música ganhe cada vez mais espaço e abra novas portas não só pro Marcelo Mira compositor, mas também pro Marcelo Mira cantor.