Luiz Brasil lança CD de ‘música popular instrumental’ e diz: ‘Eu respiro isso’

Posted by Pedro Felitte Category: Colaborações

Com nove faixas através das quais mostra toda a sua competência musical com as cordas, os metais, as madeiras e ritmos variados, Luiz Brasil lança seu segundo trabalho solo, intitulado “Beira”. Com muito bom humor, ele falou com o GarotaFM sobre turnê, inspirações, paixão pela música e sobre o título do CD, que têm um significado muito especial para ele. Conheça mais da vida e da carreira desse talentosíssimo musicista que está na estrada desde 17 anos.

GarotaFM: Fale um pouco sobre as canções do novo CD.

Luiz Brasil: É um CD de música instrumental brasileira, não é um CD de música cantada, embora tenha uma música cantada. Então, essas são músicas de uma safra nova, compostas para esse trabalho. Há duas músicas no CD que não são minhas. Uma se chama “Farol”, que é do meu irmão, e outra se chama “Ronco Da Cuíca”, de João Bosco e Aldir Blanc, que já é uma música conhecida. No mais, todas as outras são composições minhas e tem duas que tem parceria com pessoas amigas.

GFM: E qual foi sua maior inspiração pra compor as canções desse novo CD?

LB: É difícil te dizer qual foi a inspiração, eu sou um músico muito influenciado pela canção popular brasileira e eu trabalhei a minha vida inteira e trabalho até hoje com cantores e cantoras, produzindo, fazendo arranjos, participando dos shows. Então, minha grande influência é mesmo a música cantada, só que o meu trabalho não é um trabalho de um cantor, é trabalho de um musicista. Com exceção de uma que se chama “Madalena”, música minha que está nesse CD e é cantada, todas as outras são músicas que podem ser letradas porque não tem uma pegada de jazz como geralmente a música instrumental tem. Ela é quase que uma canção mesmo, só falta ter letra. Minha inspiração é João Gilberto, Caetano, Gil, Chico Buarque, que é um grande artista brasileiro, Paulinho da Viola… Esse pessoal me influencia muito e é o pessoal que eu mais escuto. Sou muito influenciado pela música popular brasileira, embora eu faça música popular instrumental.

GFM: Você encaixaria seu disco em algum estilo?

LB: O CD abre com uma bossa que remete bem ao Sul, tipo uma bossa nova muito louca. Depois, tem uma fanfarra com característica baiana, que é da onde eu sou. Depois começam a vir coisas de outro tipo. Eu acho que a música brasileira regional me influencia muito, os ritmos brasileiros. Inclusive é uma coisa que eu trato até de outra forma porque eu também dou Workshop de violão brasileiro, que é baseado em diversos ritmos. Então é claro que eu sou influenciado pela música regionalista, mas minha música tem influencia de tudo. Eu vivo ouvindo, gravando, tocando, música de todos os lugares, inclusive musicas de fora do Brasil. Mas, eu sou muito nacionalista.

GFM: Você está em turnê de lançamento desse novo CD?

LB: Eu fiz um pré-lançamento aqui no Rio no mês retrasado. Depois, fiz o lançamento em Salvador, no Teatro Castro Alves. Em dezembro, vou  fazer em São Paulo e no verão eu devo ir até o nordeste. E, em março do ano que vem, tenho um projeto se estruturando que é uma turnê nos Estados Unidos. Já tem um circuito que estou namorando e já tem uns contatos que devem me ajuda a fechar algumas coisas. De Seattle até São Francisco, Nova York, New Jersey, Boston, Massachusetts… Vou fazer o que puder pelo disco, porque depois a gente começa a se ocupar com  outras coisas e, daqui a pouco, vai vir outro disco.

GFM: O título do CD tem algum significado especial?

LB: Tem um significado muito especial. “Beira” é uma afirmação. Na verdade é até um pouco de protesto com relação ao sistema atual que a gente vê acontecer. Todo mundo tem que fazer o mais legal, o melhor de todos, tem que ser sempre o mais colorido, ter mais valor, que seja mais alto, tudo mais. Eu acho isso imediatista demais. “Beira” quer dizer justamente a não necessidade de estar no centro, basta você estar. Então é isso, beira de tudo. Quando você está na beira, você está. Não precisa estar no centro. “Beira” representa um pouco da tranquilidade do tempo se você faz existir pra valer, inclusive tem no CD essa frase: “Basta existir pra valer.” E “Beira” é isso aí, que você pode estar sem precisar ser a melhor coisa do mundo.  Você pode ser a melhor coisa, mas não que você tenha a obrigação disso. E nessa corrida, às vezes você pode acabar mostrando o que não é. Então, eu procuro fazer a minha parte na minha arte, no meu trabalho, o mais honesto e o mais sincero possível sem a pretensão de ser o melhor.

GFM: Fala um pouco dessa sua paixão pela música, como começou?

LB: Olha, eu não tenho como te explicar como começou. A minha família é uma família de muitos músicos e a vida inteira foi assim. Antes de eu nascer já existiam muitos músicos na minha família e muitos deles são famosos. Minha mãe tocava violão e piano. Com três anos de idade eu ganhei uma gaita da minha bisavó e eu já gostava de música nessa época.  Com cinco, ganhei uma sanfoninha e minha mãe começou a me ensinar violão lá pelos cinco, seis anos.  Ela me ensinou muitos acordes, então eu gostei da música a vida inteira. E na verdade eu não escolhi trabalhar com música, quando eu vi eu já estava ate o pescoço, não tinha mais jeito. Às vezes eu fico chateado com o curso que as coisas tomam, com as dificuldades de sobreviver de música, aí eu penso em fazer outra coisa, mas eu não sei fazer outra coisa.  Eu acho admirável as pessoas que tem mais de uma profissão, porque tem muitos que são dentistas, arquitetos, advogados,  e são músicos também, ou seja,  se eles não estão ganhando muito dinheiro com a música eles tem outra profissão, eu não tenho. Eu posso não tocar, mas eu não consigo trabalhar com outra coisa que não seja com música. E eu sempre fui apaixonado por música minha vida inteira, é uma necessidade básica de sobrevivência. Eu respiro isso. A minha opinião sobre alguma coisa sempre tem alguma coisa a ver com a música mesmo a opinião diante da vida, tem a música no meio. É uma vida dentro da música, eu não tenho mais o que fazer.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Required fields are marked *.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>