Matéria publicada no blog da Melody Box em 14/07/2011 (clique aqui para ver)
Quando Brasília ainda se gabava de ter sido o berço do punk rock brasileiro, mais de 15 anos depois de exportar para o Sudeste bandas como Legião Urbana e Capital Inicial, o Móveis Coloniais de Acaju surgiu mostrando que não era preciso sair do Distrito Federal para viver de música. Misturando diversas influências na cena independente da capital do Brasil, o grupo apareceu predisposto a vencer qualquer barreira, inclusive, a tecnológica. Em 1998, enquanto a cidade ainda vivia das lembranças dos tempos do vinil, o grupo que revolucionou ao mostrar que era possível se produzir sozinho colocou um site no ar. De lá pra cá, o Móveis cresceu, passou a viajar pelo Brasil todo e, para mostrar seu trabalho além dos palcos, cadastrou-se em quase todas as redes sociais que se popularizaram no país.
Hoje, com um EP, dois CDs e um DVD lançados, o grupo é o número um no ranking da Melody Box, posição alcançada com três dias de participação no site, e é atração confirmada do MB ao Vivo – Salvador, que acontece dia 3 e 4 de setembro na Concha Acústica. Guitarrista do grupo, BC conta como é viver no mercado independente e como se relacionar com as redes sociais.
Como os integrantes começaram a produzir sozinhos o Móveis Coloniais de Acaju?
Isso aconteceu de forma muito natural. A banda é grande e ninguém queria bancar dez pessoas em viagens. A gente precisou aprender. A primeira coisa interessante foi a produção do show de lançamento do nosso primeiro disco. Era comum fazer tiragem de mil cópias e nós prensamos três mil. Fizemos uma festa de lançamento na qual o ingresso valia o CD e vendemos 2.007 discos. Vimos que aquilo dava certo.
Vocês chegaram a ter propostas de gravadora?
Sim, mas as propostas não interessaram. Sempre tivemos a política de abertura total do nosso conteúdo e isso é um ponto sensível para elas. Fizemos um disco com a Trama, mas com eles é uma parceria. O Trama Virtual vai ao encontro dos nossos princípios. Foi muito bom! Eles são parceiros no nosso DVD.
Com o crescimento da banda, o que mudou em termos de produção?
Em 2009, já com o último disco gravado, resolvemos fazer um planejamento estratégico e chamamos uma empresa de consultoria de administração para nos ajudar a mapear missão, valores etc e dividir tarefas dentro da banda. As coisas estavam crescendo, começamos a precisar emitir nota fiscal, então, abrimos uma empresa. Agora temos um escritório, algumas pessoas contratadas e um estúdio.
Antes era um dos músicos que fechava show?
Conhecemos Fabrício em 2003 e ele nos propôs fazer nossa assessoria de imprensa. Ele virou um integrante que não tocava, mas tocava a banda. E a relação é mesmo de igualdade. Antes, empresário era o cara que tinha sua vida nas mãos. Fabrício é nosso sócio. Com ele, somos dez.
Os nove músicos trabalhavam na produção?
Sim! Eu, por exemplo, tomo conta das finanças. Tem uma pessoa que mexe com internet e comunicação, tem aquele que trabalha na identidade visual da banda e por aí vai. Agora, vamos ter assistentes para fazer isso.
E hoje os integrantes vivem de música?
De 2005 pra cá, nossa realidade mudou muito. A gente cresceu muito, temos um disco a mais, já aparecemos na TV e tivemos música em novela (“O Tempo”, em Araguaia). Já não pagamos para tocar e as contas da banda estão em dia, mas ainda precisamos ter dinheiro para o plano de saúde, a escola do filho e a aposentadoria.
Como é a relação do Móveis com as redes sociais?
Passamos por todas elas. O Móveis é uma banda contemporânea da internet e foi uma das primeiras em Brasília a ter um site. Isso foi em 1998. Depois, tivemos Fotolog, Orkut, MySpace. Agora, temos Twitter e Facebook. Isso tudo aproxima o público da gente e torna a comunicação direta, sem atravessadores. O fã vira quase que um sócio da banda. Esta semana, nos cadastramos na Melody Box, que é uma mão na roda… é mais uma rede para possibilitar a banda de estar em contato com seu público e ajudar a fechar show. Acho que isso é o futuro. E o Móveis tem valores muito próximos disso.