Coletânea reúne a sujeira de Iggy Pop em dois discos

Sempre que ouço Iggy Pop, penso: “Esse cara é rock’n’roll!” Lembro daquele projeto de festival chamado Claro que é Rock que só valeu mesmo pela presença do líder do Stooges. Chegou dia desses uma coletânea com dois CDs intitulada “Dirty Power” e, mais uma vez, voltei à cena em que, com sua calça estilo Gang e remexendo sem parar, Iggy abriu o palco para os fãs dançarem enquanto a banda entoava hits do rock sujo. Esqueça “Candy”, porque este álbum reúne as maiores gritarias do músico  performático. No bom sentido, é claro! O disco conta com gravações que Iggy fez na agência de David Bowie. No primeiro volume, “Tight pants” (risos), “I’m sick of you” e “Wild love”.  “I wanna be your dog” é destaque no segundo disco, que traz trechos de ensaios de Iggy com um Stooges diferente do original. Para quem ouviu muito Capital Inicial, fácil de reconhecer “The passengers”, a versão original de “O passageiro”, gravada pela banda brasileira. O muito bem escrito release (leia abaixo) enviado pela assessoria de imprensa traz mais detalhes sobre o material. Vale a pena ler:

IGGY AND THE STOOGES: DIRTY POWER

Iggy Pop e os Stooges tornaram-se personagens fundamentais da história do rock’n’roll, deixando para a posteridade os registros de sua genialidade com os álbuns “The Stooges” (1969) e “Fun House” (1970). Porém, durante sua trajetória, em meados dos anos 70, a banda passava por sérios problemas com drogas e a baixa aceitação comercial de sua música, o que só tornou o cenário ainda mais sombrio para a sobrevivência do grupo. Neste período, o guitarrista James Willianson, amigo do guitarrista original do grupo, Ron Asheton, e o saxofonista Steve Mackay, passaram a ensaiar com o grupo. O som dos Stooges ficou ainda mais energizado, porém, nenhum registro deste período foi feito e a banda terminou sendo dispensada pela gravadora Elektra.

Por volta de 1971, após ter sido apresentado à Iggy Pop, de quem era fã, David Bowie fez um convite para que ele fizesse parte do casting de sua agência, a recém-criada MainMan, com o agente de Bowie da época, Tony De Fries. Acompanhado do guitarrista James Willianson, Iggy aceitou o convite de voar até Londres para fechar um contrato com a gravadora CBS. Lá, experimentou uma nova formação para a banda, com músicos indicados por Bowie, mas não ficou satisfeito com o resultado e reconvocou seus antigos companheiros de Stooges, Scott e Ron Asheton – que desta vez trocou a guitarra pelo baixo.

Foi então que, entre junho e julho de 1972, o quarteto gravou “Tight Pants”, “I’m Sick Of You”, “Scene Of The Crime”, “Gimme Some Skin”, “I Got A Right” e “Jesus Loves The Stooges”, que compõem o álbum duplo que a Music Brokers lança agora no Brasil, “Dirty Power”. O álbum traz também gravações de ensaios, que podem ser apreciadas nas faixas “Search & Destroy”, “Gimme Danger”, “Raw Power” e “Death Trip”. As mesmas faixas que, logo em seguida, seriam produzidas por David Bowie e gravadas no clássico álbum “Raw Power”, um dos melhores de todos os tempos, lançado em 1973.

Com uma passagem também mal-sucedida pela CBS, repetindo os excessos com drogas, o grupo voltou aos Estados Unidos, sem contrato e sem dinheiro. Neste período, continuaram ensaiando e fazendo algumas apresentações, e compuseram faixas como “Cock in My Pocket”, “Rubber Legs”, “Head On”, “Wild Love”, “Open Up and Bleed” e “Till The End Of The Night”, que nunca foram oficialmente gravadas. Estas faixas também foram incluídas nesta compilação e gravadas em períodos diferentes, em demos, ensaios e shows.

Para completar o panorama em torno da trajetória de Iggy, além do material pré e pós “Raw Power”, foram incluídas nesta coletânea várias faixas de seus álbuns solo “The Idiot” e “Lust for Life”, também produzidos por Bowie, em 1977. Estão aqui, “The Passenger”, “China Girl”, “Dum Dum Boys”, “Baby and Sister Midnight”, em diferentes mixagens, faixas perdidas que constituem um verdadeiro resgate histórico.

Em suma, “Dirty Power” organiza todo este material pela primeira vez e oferece um olhar sobre um dos períodos mais ricos da carreira dos Stooges, além de oferecer um garimpo histórico para aficcionados por rock em geral.

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