Antes de gravar terceiro CD, mais pop, Mika passa férias no Brasil e declara amor a Milton Nascimento

Posted by Chris Fuscaldo Category: Trabalhos

Matéria publicada na revista Megazine (O Globo) em 04/01/2011 (clique aqui)

mika2RIO – O Brasil conquistou mais um gringo. Depois de fazer um dos mais aplaudidos e aclamados shows do Planeta Terra, festival que rolou em São Paulo em novembro passado, Mika está de volta ao país. Mas acalmem-se, (infelizmente) não vem show por aí. Antes de mergulhar na produção de seu próximo CD, o músico libanês radicado em Londres desembarca este mês no Rio. Ele chegou a cogitar alugar um apartamento na cidade para curtir o nosso verão. Mas, como é sua primeira vez por aqui, resolveu experimentar umas férias mais curtas. E já avisou que quer ficar anônimo, curtindo tudo como um turista normal.

– Toda vez em que ouvia falar do Brasil, pensava na palavra grande. Eu achava que tudo era grande – conta Mika.

Grande é a paixão que vem sentindo pela cultura brasileira. Ao comparar a comida da Inglaterra com a que provou aqui, faz cara feia para a primeira. Ao falar sobre música, diz que é brasileiro um dos nomes que mais o influenciam:

– Um dos meus compositores e músicos favoritos de todos os tempos é Milton Nascimento, junto com Nina Simone e Harry Nilsson. Eu o acho maravilhoso por causa dos discos que fez. Milton quebrou muitas barreiras. Ele não é pop nem clássico. É folk, tradicional e progressivo. E minha música é contra rótulos. Ela vai aonde quer.

Mika atribui a “esses caras” – e também a Freddy Mercury, Elton John, Beck e David Bowie – a responsabilidade por ter feito seu segundo disco, “The boy who knew too much”, menos pop do que o de estreia, “Life in cartoon motion” (um sucesso de vendas e crítica). Ele não se arrepende dos rumos que sua música tomou e diz que prefere não ser encaixado em estereótipos. Mas adianta que seu terceiro CD volta às origens:

– Eu disse a mim mesmo que precisava de um disco que complementasse o primeiro, sem que fosse feito para a rádio. O terceiro disco, no qual estou trabalhando, vai ser muito mais pop do que os outros.

Nascido Michael Holbrook Penniman Jr., o músico curte polêmica: já cantou sobre a mulher que sofre discriminação (“Big girl – you are beautiful”) e o homem casado que tem um caso homossexual (“Billy Brown”). A gravadora que queria mudar o estilo de Mika no início de sua carreira também foi “homenageada”, nos versos de “Grace Kelly”. Algumas letras são autobiográficas. Todas, acima de tudo, pregam a tolerância.

– Na escola, nunca me toleraram, mesmo as crianças. Mais velho, outros músicos tentaram mudar meu estilo. Mas a rejeição te dá uma liberdade. Eu diria aos adolescentes de 13 anos que querem se matar que a rejeição é um prêmio, porque eles podem ver o que os outros não veem. Podem criar seus próprios mundos, como eu criei o meu.

Mika não assume sua sexualidade publicamente, mas volta e meia é tido como um representante do mundo gay. Ele não se importa de sua música seguir o mesmo caminho.

– Não ligo! Não gosto de rótulos, mas gosto do fato de os gays identificarem algo na minha música, que fala sobre tolerância mais do que sobre política. Falo sobre sexualidade, mas faço isso sem você perceber. Quando colocam o carimbo “gay”, vai contra o que estou querendo atingir, porque minha música não é necessariamente gay nem hétero. Dá para ver isso nos meus shows. Tem gays e héteros perdendo a cabeça do mesmo jeito – comenta.

Na passagem por São Paulo, em novembro, um festival de figurinos, uma banda incrível e projeções nas laterais do palco fizeram do show de Mika o mais animado e diversificado. Apreensivo sobre como seria recebido, ele não acreditou quando se deparou com a plateia vibrante.

– Não sabia o que esperar, estava nervoso. Sempre ouvi dizer que seria incrível tocar aqui. É um país difícil por causa da distância, e eu não sabia se as pessoas conheciam minha música. Quando toquei a primeira, falei: “Isso vai ser legal”. Vi pessoas olhando para mim com curiosidade e se entregando. Vi que poderia fazer duas horas de show sem perder a atenção deles. Me senti sortudo de estar ali.

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