Um dos assuntos mais debatidos durante o Teia 2010 – Tambores Digitais, realizado em Fortaleza entre os dias 25 e 31 de março, foi Comunicação Compartilhada. Dessas conversas surgiu a ideia de colocar para funcionar uma rádio. Batizada de Ribuliço, a “emissora” (na internet e no dial cearense 98.3 Mhz) transmitiu a cobertura do evento dedicado ao encontro das culturas de diversos estados do país. À frente, ficaram membros de coletivos presentes no festival, tais como Soy Loco Por Ti (Curitiba – PR), Pontão Rede Boca de Trombone (Fortaleza – CE) e Ponto de Cultura Coco de Umbigada (Olinda – PE). “Operando a mesa” (plagiando os músicos) estava o curitibano Marco Amarelo, que contou ao GarotaFM um pouco sobre o que aconteceu por lá. No dia do flagra, seu entrevistado era Jovem, que faz parte dos coletivos Massa Coletiva e Circuito Fora do Eixo, e que decidiu também levar uma entrevista com Amarelo para “casa” (São Carlos – SP). Aqui, você vai entender melhor esse processo assistindo ao encontro dos dois (em cada vídeo, um faz o papel de entrevistador) e lendo o que eles têm a dizer sobre a rádio e suas histórias com o Teia 2010. Qualquer problema para assistir aos vídeos, clique aqui: Amarelo entrevista Jovem / Jovem entrevista Amarelo.
GarotaFM: Quando e como surgiu a ideia de fazer a rádio Ribuliço? Quem trabalhou neste projeto?
Marco Amarelo: A rádio surgiu de dentro da comunicação compartilhada do Teia 2010. Comunicação compartilhada é a união entre indivíduos e coletivos que se juntam para fazer comunicação, ou seja, escrever sobre um evento ou um fato… O Teia era o nosso objeto. Esses indivíduos são comunicadores populares, não necessariamente jornalistas, apesar de ter muitos jornalistas envolvidos. Essas pessoas já realizam ações de comunicação compartilhada em seus meios de atuação. Para o Teia, elas foram convidadas. Houve um edital convocando pessoas que teriam interesse em participar da comunicação compartilhada. Pessoas do Brasil inteiro, com todas as linguagens foram selecionadas: texto, fotografia, rádio e TV. Eu fui um dos selecionados. Minha experiência vem de ações que realizei pelo Soy Loco Por Ti, um coletivo do qual faço parte que trabalha com integração latino-americana através da defesa do direito humano à cultura e a comunicação.
As pessoas se dividiram em linguagem. Como tive experiência em comunicação compartilhada no Teia Sul, em Santa Catarina, assumi a rádio, mesmo não sendo a minha especialidade. Além de mim, existiam mais oito pessoas trabalhando na rádio. Eu estava com a técnica, infra-estrutura e programação. Depois, o Zé Lopes assumiu a programação. E tínhamos repórteres fazendo sonoras em tudo quanto é canto do evento. A rádio não existia antes, não tinha este nome. Na primeira reunião de articulação, especificamos como seria o trabalho, dividimos os papéis e batizamos de Ribuliço pela diversidade cultural que o Teia carrega. A logo é “Aqui está tudo misturado”.
GFM: O que foi preciso para fazer a rádio funcionar na internet?
MA: Utilizamos um software para servidor de streaming chamado Icecast. Quando você trabalha com webradio, você tem um servidor que distribui o sinal e um programador que manda o sinal que o streaming vai enviar. O programador é um software chamado Internet DJ Console. Ambos são softwares livres disponíveis gratuitamente na internet. Lá, montamos uma estrutura de estúdio, com mesa de som etc.
GFM: O que foi preciso fazer para a rádio funcionar na FM?
MA: Usamos um transmissor FM cedido pelo Soy Loco Por Ti. Ele recebe o sinal de áudio analógico e o emite por uma antena. Era uma rádio livre (sem concessão pública), ocupando a frequência 98.3 Mhz.
GFM: O que de legal rolou na rádio durante o Teia 2010?
MA: Rolou bastante entrevista de rua, transmissão ao vivo de shows, debates etc.
GFM: Como surgiu o interesse em fazer uma entrevista com o Jovem, do Massa Coletiva?
MA: Jovem chegou trazendo um som bem legal quando estávamos acabando de montar a estrutura. Ele contou sobre os coletivos do qual faz parte, o Massa Coletiva e o Circuito Fora do Eixo, que produz comunicação livre. Foi um interesse pessoal, mas a informação que ele passou sobre a relação do Circuito Fora do Eixo era relevante para todos os Pontos de Cultura.
GFM: Com o fim do Teia 2010, a rádio saiu do ar?
MA: Saiu do ar, mas quero tentar mantê-la, propondo a integração desses coletivos que participaram dessa construção. Na verdade, quero que esse coletivo de comunicação compartilhada continue funcionando.
GarotaFM: O que você foi fazer no Teia 2010?
Jovem: Fui me apresentar na Mostra Artística, com a Discotecagem Radiofônica Independência ou Marte, um braço do nosso projeto do Ponto de Cultura aqui de São Carlos (SP). É claro que, a partir disso, outras coisas acabam sendo naturais, como a integração com outros Pontos, artistas etc.
GFM: Qual era seu foco de interesse no evento: Ponto de Cultura, conhecer gente, palco para show…?
J: Meu foco maior no evento eram as apresentações artísticas, especialmente as musicais, já que trabalho na área. Dentro do possível, busquei sacar também as apresentações mais tradicionais, ligadas à cultura popular. Lógico que é muito importante conhecer gente em um evento como este, e foi ótimo também para começar a me situar dentro deste universo dos Pontos de Cultura, já que somos bastante novos neste processo.
GFM: A entrevista que fez com Amarelo vai ser veiculada em algum lugar?
J: A entrevista que fiz com o Amarelo foi veiculada na edição#137 do nosso programa, que está disponível para escutar e baixar no nosso blog. Lá, tem a lista das atrações também, e esta sonora é a última do penúltimo bloco, antes do som do Mombojó. Dê um sacada.
* O GarotaFM viajou a Fortaleza a convite da assessoria de imprensa do Ministério da Cultura. Agradecimentos a Uirá Porã, Mônica Kimura e Sara Correia.
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