O Trilogia sabe bem como é difícil manter uma banda quando se ganha a vida tocando na noite. Se nos palcos da cidade, Bruno Ventura, Alexandre Pessoal e Maninho Lima estavam acostumados a se apresentar acompanhados apenas de instrumentos básicos – baixo, bateria e violões –, no disco que acabam de lançar pela MZA, “Jogatina”, eles tiveram a sorte de poder contar com outros barulhos.
– Por opção do (produtor Marco) Mazzola, o disco ganhou teclado, guitarra, sopros… e nós adoramos! Para viver de música, não dá para chegar nas casas com uma entourage… Às vezes, não cabe no espaço, às vezes não tem mesmo como bancar. No palco, a gente fazia o formato enxuto. No disco, não houve limite – conta Alexandre Pessoal.
O Trilogia começou com a proposta de ser uma banda de festa. Muitas vezes, os músicos fizeram mais de um show por noite. Para segurar o cansaço, criaram o hábito de se alternar nos vocais.
– A voz não desliga, ela acaba. Quando a gente troca de vocal, vira praticamente outra banda. Sempre faz sucesso, porque fica um show com o estilo de cada um. As influências são muito parecidas, mas acaba que cada um fica mais à vontade cantando uma canção. É uma diplomacia interessante e, claro, há algumas imposições, como: “Eu vou cantar essa!” – brinca Alexandre.
O disco traz composições próprias, a participação do rei do sambalanço Bebeto em “Essa Menina / A Beleza é Você, Menina” e duas regravações. Uma delas é “Vai de Madureira”, composição de Zeca Baleiro – parceiro do trio na gravadora – presente no álbum “O Coração do Homem-Bomba”, lançado pelo músico maranhanse em 2008:
– A gente ouviu essa música por indicação do Mazzola. A gente amou tanto que falou: “É a nossa cara!”. Zeca liberou a canção com tranqüilidade. Ouviu, gostou e até escreveu um texto para nosso release (texto de divulgação para a imprensa).
A outra é “Se você pensa”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, que, diga-se de passagem, é pai de Alexandre Pessoal. Segundo o herdeiro do Tremendão, não houve favorecimento só por causa do parentesco:
– A negociação foi feita através de escritórios. Tem assuntos que não precisam ser pedidos…
Sobre aquele papo de que é difícil ser filho de alguém famoso porque há sempre a cobrança de que a cria tem que superar o criador, Alexandre Pessoal dá seu parecer:
– Eu já sabia que ia ser complicado. Cresci tendo muito de tudo isso. Minhas primeiras lembranças são da época da extinta (gravadora) Polygram. É um mundo apaixonante e eu acompanhei o crescimento de um artista na mídia… hoje, você aperta o botão e já está no Japão. Eu sempre tive, além da banda, um professor. Meu pai dá liberdade e fala: “Não estou me metendo”. Mas eu mesmo sempre perguntei. Ele nem gosta de interferir, porque diz que na criação não há limites.