A história por trás do livro ‘Discobiografia Mutante’

Definitivamente, 2018 foi o ano dos Mutantes para mim. Ou melhor, do Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Apesar de estar envolvida com diversos outros projetos, consegui ter a ideia de celebrar os 50 anos do primeiro álbum da banda, colocar a campanha de financiamento coletivo no ar, atingir a meta, produzir o livro, lançá-lo em diversas cidades e ainda distribuí-lo em lojas brasileiras e estadunidenses. Foi tudo muito rápido e muito lindo. O carinho dos apoiadores, o retorno que tive dos amigos e dos jornalistas, que também apoiaram a campanha e o lançamento… Tudo isso me fez ver que o livro ainda é um objeto de desejo de muitos e uma grande realização para quem escreve. Fiquei muito feliz com cada etapa do processo e queria escrever um pouco sobre ele.

Conheci Mutantes na adolescência, logo após me apaixonar por Caetano Veloso. Antes, eu só ouvia rock’n’roll, estrangeiro e nacional. Com eles, descobri a Tropicália, que até hoje acho o movimento mais revolucionário da história da música brasileira. Descobri Gilberto Gil, Tom Zé… No entanto, de todos os seus expoentes, os Mutantes são os que trazem referências musicais mais parecidas com as que eu tinha devido a minha formação. Rock influenciado por música brasileira faz muito a minha cabeça desde que era pequena e a banda me pegou por aí.

Discobiografia Mutante

Discobiografia Mutante

Tive um insight em fevereiro, durante uma viagem pela Califórnia, onde há lojas maravilhosas de discos e livros especializadas em rock, nas quais se encontram discos de bandas brasileiras desta época, inclusive dos Mutantes. Acordei em uma madrugada com a lembrança de que o primeiro álbum da banda faria 50 anos em junho de 2018 e imediatamente achei que tinha que resgatar uma pesquisa que já tinha e comemorar isso. Em março, assim que voltei da viagem, já preparei a campanha para lançá-la em abril.

Minha pesquisa começou em 2002, quando decidi escrever a monografia da faculdade de Jornalismo sobre a linguagem das capas dos discos dos Mutantes. Para o livro, usei como base o texto da monografia, além de entrevistas que fiz com Sérgio Dias e Rita Lee e fotocópias e recortes de jornais e revistas antigos que eu encontrei em setores de pesquisas de bibliotecas e de empresas jornalísticas. De lá para cá, como jornalista, entrevistei esses mesmos músicos, além de muitos outros, inclusive Arnaldo Baptista, Zélia Duncan (que fez parte de uma das formações e está no álbum Ao Vivo – Barbican Theatre, Londres), os músicos da fase do disco Tudo foi Feito Pelo Sol etc.

A campanha de financiamento coletivo entrou no ar nos primeiros dias de abril e ficou em destaque no site do Catarse até o início de junho. Foi um desafio! Deu frio na barriga e me fez explodir de felicidade quando a meta foi alcançada. Foi um um grande aprendizado coordenar todas as etapas desse processo e acabei, com isso, lançando minha própria editora, a Garota FM Books. Para a campanha, tive que ser muito criativa, para atrair apoiadores através das redes sociais. Para publicar o livro, atuei como pesquisadora, redatora, revisora, editora e distribuidora. Fiz muito mais por esse livro do que fiz pelo Discobiografia Legionária, que teve grande parte do processo agilizado por uma editora. No entanto, não posso deixar de agradecer a todos que estiveram comigo durante o processo: Raíssa Pena (Catarse), Igor Lage (coordenador da campanha), Leo Miranda (designer e artista gráfico), Alessandra de Paula e Carla Peixoto (revisoras), Bárbara Alves e Debora Albu (tradutoras), Sergio Farias (revisão geral), Viviane Garcia (impressão) e todas as fontes de conteúdo e imagens.

Os destaques na imprensa são uma história à parte. Amei todos e agradeço a todos que se dedicaram a ler o livro e ajudar na divulgação dessa obra. O mais curioso foi, pela primeira vez, ser destaque em um caderno de negócios. Sim, aconteceu isso e foi no jornal Estado de S. Paulo, onde Vanderson Pimentel me destacou como uma empreendedora. Gostei e é de lá a foto (de Fabio Motta) de destaque deste post.

Veja os destaques na imprensa

Os eventos de lançamento, também fui eu que agitei. Comecei a turnê por São Paulo, onde encontrei recentemente todos os fundadores dos Mutantes, onde vi um show da nova formação e onde tive uma enorme massa de apoiadores. A tarde de autógrafos foi na loja Baratos Afins, do querido Luis Calanca, e me possibilitou encontrar um monte de gente legal. Depois de lá, comemorei meu aniversário lançando o Discobiografia Mutante no Rio, no Sebo Baratos. Sentindo-me em casa, recebi um monte de amigos antigos, outros mais recentes e conheci gente que ama Mutantes e foi até lá adquirir a história que decidi contar. Na sequência, fui convidada para participar de eventos em Visconde de Mauá, na Casa Beatles, em Angra dos Reis, na Casa Frida com participação da banda Feito Café, e em Niterói, no Shopping Icaraí com som do DJ Riverax (Leo Rivera). Depois, ainda voltei a minha cidade natal para expor o livro na Flinit (Feira Literária de Niterói) e falar em uma mesa sobre biografias ao lado de Paulo César de Araújo e Joaquim Ferreira dos Santos.

Veja fotos do lançamento em São Paulo

Veja fotos do lançamento no Rio

Veja fotos do lançamento em Visconde de Mauá, Angra dos Reis e Niterói

Neste momento em que encerro o ano fazendo este balanço, estou nos Estados Unidos cumprindo parte do meu doutorado e aproveitando para divulgar o livro (que é bilíngue) por aqui também. Além de conseguir distribuir em lojas do Brasil os últimos que sobraram da edição que fiz para os apoiadores (confira endereços na página do livro, no meu site), emplaquei a história dos Mutantes em algumas lojas americanas. Os Mutantes são aclamados por milhares de admiradores de rock, de música psicodélica e de música brasileira no mundo todo. Filho de John Lennon, Sean Lennon gosta tanto da banda que topou fazer as ilustrações da capa e do encarte do álbum Tecnicolor. Kurt Cobain era pirado no som dos Mutantes e chegou a escrever uma carta para Arnaldo Baptista. Tem cineasta de Los Angeles louco para fazer um filme sobre eles. Como tive a ideia de fazer o livro na Califórnia, achei que precisava trazer a nossa história para quem não tem acesso a ela. Só para começar, durante a campanha de financiamento coletivo, tive compradores da Escócia, da Espanha, da França, do Peru e de uma livraria de Los Angeles. Os Mutantes merecem essa celebração de seu legado!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Required fields are marked *.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>