Morcego saga III: invasão e revoada no apartamento do Rio

Enquanto Handré gargalhava e me passava palavras de apoio pelo WhatsApp, Marco perguntava ao Google “como espantar um morcego de dentro de casa”. Sim, aquele maldito veio me apavorar de novo. Não sei se é o mesmo que andou visitando eu e meu marido brasileiro no ano passado (saga I) ou se é o de Rosário que viajou milhas e milhas para se vingar do ataque de gritos que eu e meu marido rosarino (sin derechos) fizemos para tirá-lo da nossa varanda argentina (saga II). Sei que ele me prendeu no banheiro por mais de meia hora. E, quando comecei a querer sair, a cada tentativa, corria de volta gritando após uma revoada. Os vizinhos deviam estar me odiando. Ou achando que um de meus maridos estava me espancando. Uma coisa assim meio cinquenta tons de morcego…


Morcego 3Handré
dizia: “Cuidado!” Marco completava: “Você tem que ser forte! Vá até lá e coloque as bananas que atraíram ele na janela.” Sempre fui corajosa. Aquela coragem de dar inveja a amigas mais sensíveis. Mas, bicho, com morcego, não. Simples assim: tenho pavor desse bicho. Mas eu realmente tinha que sair do banheiro. Estava com fome, sede e precisava trabalhar ainda um pouco mais. Tentando buscar a coragem que tive ao encarar as aranhas e cobras da Chapada Diamantina, as gangues de Nova York e o silêncio e a solidão do deserto do Saara, corri do banheiro para o quarto.

Morcego 2Vesti uma touca de banho, um roupão, uma calça grossa, uma capa de chuva por cima disso tudo, abri um guarda-chuva e fui até a sala. Estiquei o braço e consegui pegar as bananas. Levei-as até a janela. Fiz barulho e enfiei outro guarda-chuva (este fechado) nos buracos da casa. Um pouco mais relaxada, fiz um Miojo (porque não tive coragem de perder muito tempo cozinhando ali no recinto) e abri uma cerveja (para ver se me ajudava a relaxar). Depois, me tranquei no quarto, de onde só saí hoje. Agradeço por todo o apoio que recebi de meus dois “maridos”, conectados a mim pela rede e pelas histórias de morcegos. Se não fossem eles, eu estaria paralisada no banheiro até agora.

* Qualquer realidade poderia ser mera ficção. Nesse caso, eu preferia que fosse.

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