Quase em casa, Zélia Duncan celebra Renato Russo e Cássia Eller

E eis que, sem saber de nada, caio em um pequeno vale, localizado dentro do enorme Parque da Cidade de Brasília, cheio de gente à espera de um show. Seria o último da primeira noite do festival Festival BB Seguridade de Blues e Jazz e a única notícia que eu tinha tido até aquele momento, vinda através de um grupo de Whatsapp formado por forasteiros que vivem e/ou trabalham na capital, era a de que Hamilton de Holanda e Blues Etílicos tinham pisado naquele palco enorme montado em frente a uns pinheiros altíssimos que completam a paisagem friorenta da cidade. Eu não vivo ou trabalho na capital, mas tenho passado temporadas no Distrito Federal devido a projetos pessoais. Ao saber que ao lado de onde eu estava minutos antes rolava um super evento de música, corri para lá e, logo ao chegar, recebi a notícias de que a próxima atração seria Zélia Duncan.

Zélia Duncan por Marco Konopacki

Zélia Duncan por Marco Konopacki / Foto de arquivo

Abri um sorriso. Acompanho a cantora há muitos anos. No palco, há pelo menos 16. Mas antes de vê-la pela primeira vez ao vivo, cheguei a tocar Enquanto Durmo com uma banda que tive aos 16 anos em minha cidade natal e na da cantora, Niterói. E, depois, como jornalista, entrevistei-a algumas dezenas de vezes e assisti a muitos shows no Rio de Janeiro, onde nós duas moramos. Eu nunca havia visto ZD em sua segunda casa, em Brasília, onde ela passou parte da infância e da adolescência. E foi bacana vê-la tão à vontade, com sua super banda formada por Ézio Filho (baixista e diretor musical do show), Webster Santos (guitarra e violão), Léo Brandão (teclado e acordeom), Lucio Vieira (bateria e percussão) e Christiaan Oyens (violão, guitarra slide e percussão). Mais bacana ainda foi conferir a participação do público, dos candangos e forasteiros que ocupam a cidade, todos cantando junto e vibrando com a simpatia da quase conterrânea. A emoção ficou por conta das homenagens que Zélia fez a dois grandes nomes formados na cidade: Renato Russo e Cássia Eller.

Zélia Duncan começou seu show puxando a sardinha para o festival, cujo foco era o blues e o jazz. Tocou Boomerang Blues, de Renato Russo, e Código de Acesso (Itamar Assumpção). Contou e cantou uma música que ela e Cássia Eller desejaram gravar juntas: Mãos Atadas (Simone Saback). E, antes de fazer um “viva” à amiga e entoar Segundo Sol, confessando que, quando sente saudade, canta, destilou sucessos normalmente vistos em shows de festivais. Pagu, Lá Vou EuCarne e OssoTudo Sobre VocêSentidos Enquanto Durmo foram alguns deles. Outra estrela da terra – assim como Cássia, nascido no Rio, mas criado e descoberto no DF – Renato Russo também ganhou uma segunda homenagem feita por Zélia, que cantou Quase Sem Querer. Para aproveitar a energia do público lá no alto, ZD encerrou a noite com CatedralAlma.

Quase sem querer, tive uma das noites musicais mais emocionalmente candangas desde que comecei a pisar com mais frequência por aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Required fields are marked *.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>