Érika Martins transforma plateia com as modinhas do seu novo disco

Posted by Chris Fuscaldo Category: Shows e eventos

Ficar muito tempo sem assistir a um show de Érika Martins é ruim porque rock bem feito faz falta, mas é bom. É legal porque ela sempre surpreende, apresentando-se cada vez melhor. E, também, porque é capaz de transformar um salão super esquisito em uma baita casa de shows. Foi péssimo esperar tanto tempo para rever a eterna ex-Penélope em carreira solo nos palcos cariocas (estava mais fácil vê-la no projeto Chuveiro in Concert ou nos shows com Lafayette e os Tremendões), mas ótimo acompanhar a evolução de um público que começou acanhado e terminou animado em um salão do Sesc Tijuca nesta sexta-feira (09/05). Com o repertório do seu novo disco, Modinhas, a cantora subverteu a ordem, se é que tinha alguma.

Érika Martins no CD Modinhas

Com mesas e cadeiras espremidas em meia lua como se estivessem forrando as paredes, o salão (o show não foi no teatro) ficou com um espaço enorme vazio bem na frente do palco. Já na chegada, a sensação era de que não tinha como ser confortável nem pra banda nem pra plateia. Não deu outra… as pessoas iam sentando e se amontoando perto das paredes e o salão continuava vazio. Logo ao apresentar a primeira música, Érika cumprimentou os presentes e sugeriu que chegassem pra frente. Mas, ainda tímidos, eles não se encorajaram. Uma turma que estava num canto – e foi aumentando na medida em que alguns atrasildos iam se juntando – que acabou invadindo a pista em certo momento do show, incentivados por Gabriel Thomaz, guitarrista do Autoramas e convidado de Érika para algumas participações no show. Aquele salão com cara de espaço para festas da terceira idade finalmente ganhou cara de salão de clube das antigas, aqueles onde rolavam bandas de baile de rock’n’roll.


Érika Martins
abriu o show com a soturna Modinha (A Rosa), uma das canções que inspiraram o conceito e o nome do álbum, gravado depois de um crowdfunding super bem sucedido e distribuído pela gravadora Coqueiro Verde. A autoria é de Sérgio Bittencourt, filho de Jacob do Bandolim e compositor na década de 60, e é um tanto sofrida. Música que tem quase o mesmo nome, Modinha (Serestas – Peça nº 5), é uma parceria de Villa-Lobos com Manuel Bandeira, mas ganhou uma roupagem pop rock de peso que fez uma senhora ir embora do salão e fez uma parte de quem ficou começar a balançar a cabeça. No disco, essa faixa tem participação de Otto.

Érika Martins no Sesc TijucaAntes de ir pra terceira, Érika Martins anunciou que não costuma deixar a participação para o final e convidou o tecladista Humberto Barros: “A gente come a cereja do bolo logo no início”, brincou. Romântica, mas não por isso brega, Bonita foi a música da vez. Em seguida, a cantora anunciou que interpretaria uma canção que Tom Zé compôs para ela gravar no álbum Modinhas: A Curi. Antes, contou como recebeu o presente do mestre baiano. “Ele mandou a música numa fita k-7! Foi difícil, demorei, mas consegui ouvir”. O grupo pegou o embalo e emendou com Casinha Pequenina, uma modinha clássica eternizada por Nara Leão.

Vale lembrar aos que não leram aqui ou na Rolling Stone a matéria na qual Érika Martins contava sobre a gravação de Modinhas que a proposta do álbum era dar novas texturas às modinhas. Por isso, muitas delas viraram músicas super atuais.  É o caso das citadas anteriormente e, também, de Menino Passarinho, de Luiz Vieira. No disco, a modinha ganhou versão em espanhol com o duo chileno Perrosky. Por isso também teve tudo a ver a inclusão de sucessos antigos de Érika no repertório do show. O cover do The Cure In beetween Days, gravado pela cantora com Herbet Vianna para um disco solo do “paralama”, virou uma modinha moderna no Sesc Tijuca, assim como Ainda Queima a Esperança, de Raul Seixas.

Érika Martins no Sesc TijucaGabriel Thomaz subiu ao palco para tocar guitarra na canção Dar-Te-Ei. A balada tem nome e letra de modinha antiga e foi composta por Marcelo Jeneci, Helder Lopes, Verônica Pessoa e José Miguel Wisnik. Segundo Érika, Garota Interrompida, uma parceria sua com Luis Pereira lenta e triste, foi uma das mais bem recebidas no show que levou a Hamburgo (Alemanha) no ano passado. “Voltaremos em julho”, aproveitou para anunciar. Ao apresentar Fundidos, faixa do Botica que abre o álbum e uma das mais animadas do show, a cantora começou uma brincadeira que levou até o final: “Essa é a preferida do Fred”. Difícil foi saber, afinal, qual é a música que o baterista gosta mais. A do Kiko, o baixista, é Namorinho de Portão, sucesso dos tempos em que Érika era a vocalista da banda Penélope.

Memorabilia leva a assinatura de Érika e Rolo Compressor ganhou uma ajuda do seu dedão do pé. Antes de tocar essa, ela tirou os sapatos altíssimos e brincou de fazer sons com os pedais ligados à guitarra. O bis-sem-sair-do-palco (adoro!) teve Lento, canção que gravou com Julieta Venegas, Sacarina (do primeiro disco solo) e Música de Amor, uma parceria de Érika e Gabriel. O grand finale ficou com Você Não Serve Pra Mim, sucessão de Roberto Carlos que faz parte do repertório dos Tremendões.

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