Robertinho de Recife volta aos palcos depois de mais de 20 anos

Posted by Chris Fuscaldo Category: Entrevistas

A criação de um perfil no Facebook que, em menos de um mês, recebeu quase 5 mil solicitações de amizade junto à lembrança de um fora que tomou de Jeff Beck quando morava nos Estados Unidos fizeram com que Robertinho de Recife repensasse a ideia de voltar aos palcos depois de mais de 20 anos (quase 25 anos sem show próprio). Driblando dificuldades físicas, o músico resgatará o épico “Rapsódia Rock on Road” em dois shows no Festival Jazz & Blues, no Ceará: em 2 de março, em Guaramiranga (fechando a programação das 21h30 na Cidade Jazz & Blues), e no dia 7, em Fortaleza, às 19h30, no Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

“Os fãs é que te dão o direito do estrelato. Sem eles, você seria um desconhecido”, diria o guitarrista brasileiro ao britânico se, na época, o seu inglês não fosse formado por palavras pinçadas de canções dos Beatles: “Eu namorava com as meninas tentando lembrar as frases das músicas, tipo ‘I wanna hold your hand’ e ‘I love you’.”

Robertinho de RecifeRobertinho tinha 17 anos na época em que trabalhou com Steve Cropper, o produtor de Beck, mas já era um grande guitarrista. De volta ao Brasil, tocou e gravou com muitos músicos, brilhou em carreira solo com músicas de diversos estilos e foi o mentor da Yahoo, banda de sucesso meteórico, que teve como hits “Mordida de Amor” e “Anjo”. Em 1993, fez seus últimos shows, entre eles um em que acompanhou George Martin, produtor dos Beatles. O músico pernambucano assumiu de vez a faceta produtor e, de lá pra cá, assinou discos de Fagner, Zé Ramalho (todos desde o “Antologia Acústica”), o brega Falcão e muitos outros (mais de 200). Com o anúncio dos shows no Ceará, Robertinho de Recife já está sendo sondado para novas aventuras:

“Já estão sondando outros shows e quero avaliar bem. Essa volta tem ser limitada, com poucos shows, porque tenho uma carreira sólida como produtor e parcerias muito legais, como a de Zé Ramalho. Estou ensaiando há um mês e tentando vencer minhas limitações. Há dois anos e meio, quebrei meu braço e, para não perdê-lo, coloquei 18 parafusos. É difícil fazer a angulação que preciso para tocar. Dóis muito, mas estou me esforçando. Por isso tenho exigências, que chamo de solicitações para não me chamarem de Beyoncé”.

Composta com Fausto Nilo, “O Elefante” foi regravada por Fernanda Takai faz uns quatro anos. Com o empurrãozinho da banda carioca Do Amor, a parceria de Robertinho com Caetano Veloso intitulada “Babydoll de Nylon” voltou às rodas dos moderninhos há um ano e meio mais ou menos (e ganhou uma montagem hilária, que está rolando no Youtube, com Mick Jagger e David Bowie dançando cheios de suingue). E o Metal Mania nunca saiu do imaginário daqueles que amavam o rock pesado na década de 80. Informações como essa chegaram através da rede social e Robertinho cedeu.

“Com essa coisa de Facebook, precisamente 94% dessas pessoas cobravam minha volta, com frases completamente apaixonadas e solicitantes. Cheguei a ler o seguinte: ‘Por favor, volte! A gente não tem ninguém pra curtir’. Isso é muito grave, muito forte pra mim”, comenta Robertinho.

Robertinho de Recife no 'Rapsódia Rock'

Robertinho de Recife no ‘Rapsódia Rock’

Com o peso dessa responsabilidade nos braços, Robertinho decidiu agradar a todo tipo de fã, resgatando o repertório do disco “Rapsódia Rock” – gravado no improviso, só porque sobrou tempo de estúdio após um registro do Yahoo, foi muito bem recebido para um álbum instrumental – e trazendo também outras surpresas.

“Tem duas correntes que estou querendo agradar, aquela que gosta de ouvir a música como ela foi gravada e a que gosta dos improvisos. Vou tocar cerca de 70% do ‘Rapsódia’ e, no meio, vou abrir pra mim, para os meus improvisos.Vamos tocar uma versão instrumental de ‘Revelação’, do Fagner, em uma homenagem a ele na terra dele. Já fiz o convite… quem sabe ele não aparece para uma canja? Senão, deixaremos a plateia cantar. Se vai rolar ‘Babydoll de Nylon’? Só se o público pedir. Mas a plateia também vai ter que cantar”, avisa.

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