Selvagens à Procura da Lei se livra do escafandro e lança novo disco

Formada em 2009 em Fortaleza, Ceará, a banda Selvagens à Procura da Lei já tocou em pequenos palcos e em grandes festivais. Após participar do Prêmio Multishow e de se livrar da imagem do homem usando um escafandro, que ilustrou seus trabalhos anteriores, Rafael Martins (vocais, guitarra), Gabriel Aragão (vocais, guitarra), Caio Evangelista (baixo) e Nicholas Magalhães (bateria) lançam seu segundo álbum, homônimo, agora pela gravadora Universal. Confira a entrevista que Gabriel deu ao GarotaFM sobre essa nova fase.

Quando começaram a falar da banda, vocês estavam na casa dos 20 anos. Qual é a idade de vocês agora?

Não mudou muito. Sou o mais velho, tenho 25. Rafael e Caio tem 23. O Nicholas tem 22.

Esse é o segundo álbum da banda, que já tem também 3 EPs. Qual é o diferencial neste novo trabalho?

Selvagens à Procura da Lei e o CD homônimoEsse álbum abriu várias portas para a banda. Nos primeiros EPs e no primeiro disco, “Aprendendo a Mentir”, a imagem do escafandro era muito forte, tendo inclusive participações constantes em shows enquanto a banda tocava “Mucambo Cafundó”, com uma encenação do personagem no palco. Nesse segundo trabalho, queríamos nos livrar dessa associação. Decidimos que a arte e a concepção do disco deveriam girar em torno dos integrantes, assim como o seu nome, batizado simplesmente de “Selvagens à Procura de Lei”. Isso foi tão significativo para nós que a única representação do escafandro no encarte é a de uma caveira. A capa tem apenas os nossos rostos e o nome da banda. Musicalmente, queríamos soar de forma mais orgânica, com mais dinâmica entre os instrumentos e criar um elo maior entre letra e som. Esse álbum apresenta as primeiras gravações de violão e de piano. Também temos a estreia do Nicholas como vocalista. Praticamente todas as músicas são cantadas pelos quatro integrantes, divididos entre voz principal e segunda voz. Então, é um disco que fortaleceu bastante o grupo em termos de composição.

Como vocês veem a cena musical cearense como um todo e como acham que o rock é tratado na terra de vocês?

O Ceará tem uma bela história musical. Humberto Teixeira, Alberto Nepomuceno, Vocalistas Tropicais… Ednardo, Belchior, Fagner, Graco, Caio Sílvio, Amelinha… Bandas como O Surto, Switch Stance, Jumenta Parida e Cidadão Instigado marcaram presença entre anos 90 e 2000. Desde que surgimos, no final de 2009, e começamos a lançar os primeiros EPs, convivemos com muitos grupos. Observamos de escanteio as modas do Hard Core, do Emo Core, a Los-Hermanização, o estilo Strokes, a Restartização… Acho que bandas originais e que escrevem boas músicas sempre terão o seu espaço. Não é diferente com o rock. Muita gente acha que o forró comercial é predominante, mas isso não é verdade. É apenas um setor que possui muito investimento e, por isso, causa essa aparência para quem enxerga a cena de fora do Estado. Não quer dizer que a nossa juventude esteja à espera do novo sucesso desse tipo de forró apelativo, pelo contrário: estamos todos à espera de músicas que interpretem o que sentimos, a cidade e o país em que vivemos e outros temas que não sejam apenas bebida, dinheiro e sexo.

Selvagens à Procura da Lei e o escafandroQuais são suas maiores influências?

Cada um traz as suas influências pessoais. No entanto, para esse segundo álbum, houve uma mudança antes de começarmos a compor, que foi a de ouvirmos discos juntos. Passamos bons meses ouvindo Abbey Road e Revolver dos Beatles, Racional I e II do Tim Maia, Fruto Proibido da Rita Lee, Acabou Chorare dos Novos Baianos, Dark Side of The Moon e Wish You Were Here do Pink Floyd, Houses of The Holy do Led Zeppelin, Alucinação do Belchior, Dois da Legião Urbana, um pouco da fase mais rock do Skank, Planet Hemp, Gabriel O Pensador e muitos outros artistas. Gostamos de bandas e artistas que produziram e produzem discos impactantes.

Qual a diferença entre tocar no Ceará e em outros estados, seja no Nordeste ou em qualquer outra região? 

Não muita em termos de público. A nossa geração é uma só aonde quer que você vá. Estamos todos conectados não estamos? Talvez a única diferença seja quando alguma música nossa tem uma gíria local na letra. Aí as pessoas interpretaram de formas diferentes. Mas isso também é o maior barato.

Para vocês, como é viver em São Paulo?

Selvagens à Procura da Lei e o EP Talvez Eu Seja...Tínhamos várias fantasias sobre como seria chegar em São Paulo como banda. É uma cidade completamente diferente de Fortaleza, em todos os níveis. Nem melhor, nem pior, apenas diferente. Aqui temos acesso a praticamente tudo relacionado à indústria da música, o que é bastante conveniente para qualquer banda do país. Depois de algumas vindas pudemos perceber essa coisa da nossa geração ser uma só, pois temos acesso às mesmas informações e temos as mesmas influências, com pequenas variações… Isso para além-Brasil, é um intercâmbio cultural entre o mundo inteiro. A partir dessa compreensão passamos a nos sentir em casa.

Qual é a música de trabalho, onde ela está sendo trabalhada e como está sendo a estratégia de divulgação do álbum?

Selvagens à Procura da Lei e o EP Mentiras..“Brasileiro” é o primeiro single do disco. Uma letra que é um desabafo. Daí os versos serem praticamente falados, com melodia vocal quase que apenas no refrão. A música já está rolando na 89 FM, em São Paulo, na Transamérica, em Brasília, e em breve em outras rádios do país. Divulgamos um lyric video no YouTube há pouco tempo e estamos prestes a lançar o seu videoclipe, dirigido pelo Rafael Kent. O álbum será divulgado com o forte apoio da nossa gravadora, a Universal Music, e por meio de outros parceiros e, do mais importante, que é o boca a boca dos fãs com pessoas que ainda não ouviram falar da gente.

Quais foram os principais shows da banda e o que tem previsto daqui pra frente?

Selvagens à Procura da Lei e o CD Aprendendo a MentirjpgAlguns shows em clubes pequenos são muito importantes e revigorantes para a banda. O contato próximo com o fã cantando na sua frente é impagável. Também tivemos ótimos momentos em apresentações maiores, dentre eles o Planeta Terra 2011, o Ceará Music 2010 e 2012, e em pocket shows como ocorreu no Prêmio Multishow 2012, ao lado do Capital Inicial. Estamos ensaiando para a turnê de divulgação do disco novo. Após o lançamento deste álbum nossas apresentações serão bem diferentes. Teremos passagens com diferentes formações da banda, criando um clímax especial para essa turnê, por conta das novas músicas executadas no piano e no violão, juntamente com a formação clássica da banda e da união com as músicas do primeiro disco. Estamos loucos para rodar o Brasil e espalhar o nosso som junto com a galera!

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