Antes de Singapura, Besouros Verdez fala sobre festivais e novo CD

Posted by Chris Fuscaldo Category: Entrevistas

Prestes a embarcar para Singapura, onde vai defender a música do Brasil no Asian Beats, os músicos da Besouros Verdez estão eufóricos com a possibilidade de participar de um dos maiores festivais de bandas independentes do mundo. Disputando em novembro um prêmio de US$ 10 mil mais instrumentos musicais, Gabriel Grecco (vocal), Cid (guitarra base), Leandro Bronze (guitarra solo/ backing vocal), Peruca (baixo) e Magliano (bateria) estão vivendo algo que nunca imaginaram, apesar de já terem experiência em festivais.

“Vencemos pequenos e grandes festivais.Posso citar o Rock na Net, organizado em 2008 pelo governo de SP e pela EM&T, o Gol Fest 2010 da Volkswagen, o Fun Music Brasil em 2010 e em 2011 do Myspace e Bradesco, e agora o Yamaha Beats Brasil, que foi o mais importante para nós. Concorriamos com bandas que batem de frente com qualquer banda já consagrada. Não achávamos que íamos ganhar, estávamos nesse festival com o simples objetivo de mostrar o nosso som para públicos em lugares diferentes. Essa energia conquistou os jurados de peso que estavam lá, como Tuco Marcondes, Rafael Bitencourt, Deríco, Fernando Nunes e Tico Santa Cruz. Agora, iremos representar o Brasil em Singapura com bandas do mundo inteiro no Asian Beats. Jamais imaginamos isso em nossas vidas! Só espero que não comam Besouros Verdez fritos por lá”, brinca Gabriel Grecco.

A banda calcula ter ganhado de 10 a 15 mil reais em prêmios desde 2004, quando colocou seu bloco na rua pela primeira vez. Gabriel e companhia usaram o dinheiro para investir na Besouros Verdez, comprando instrumentos e equipamentos de estúdio. Com a grana, também fizeram dois clipes e estão investindo na gravação do segundo álbum, que deve ser lançado em novembro, mas já está com músicas soltas pela rede, entre elas “Vagabundo”. “Hipocrisia” gerou um clipe gravado no lixão do morro do Bumba, em Niterói, e “Tema de Cind” teve a participação de Luhanna Melloni, apresentadora do programa do Multishow Papo Calcinha. Ambos foram dirigidos pelo ator e diretor Rafael Almeida.

Acompanhe o bate papo do GarotaFM com o vocalista Gabriel Grecco:

O que vai diferenciar o novo álbum do primeiro?

O primeiro foi uma fase onde ainda misturávamos uma pegada mais bluseira e rock clássico. Agora estamos preparando um disco bem mais rápido e explosivo, que retrata mais como é o nosso show ao vivo. Vai ser um tapa na orelha para se ouvir do início ao fim, mas ainda com muita influência do rock clássico.

De 2004 para cá, o que mudou na banda?

Para começar, o baixista. Antes era o Lucas Sorrentino, que ficou quase dois anos na banda, mas deu o lugar para o Peruca. Isso deu uma mudada no som. Mas acho que a maior diferença é o amadurecimento. No início, estávamos nos conhecendo e, hoje, somos grandes amigos, irmãos. Aprendemos a respeitar o espaço um do outro e as manias também. Respeito é fundamental para a consistência de uma banda. Em 2004, procurávamos o nosso som e queríamos que nossas atitudes no palco fossem condizentes com o som que tocávamos. Cada ano que passava ficávamos mais agressivos no palco. Hoje, quando subimos, parece que entramos num mundo de liberdade total dos sentimentos, sejam eles positivos ou negativos.

Vocês se sentem mais seguros hoje?

Temos muito mais segurança do nosso som e do nosso show, não temos mais aquela preocupação: “será que vão gostar da gente?” Não temos mais a cobrança com nós mesmos sobre sermos músicos super técnicos para mostrar o quanto somos bons, pois nos preocupamos mais em passar a verdade do nosso som e o sentimento daquele momento para o público.

Fale mais da mudança da sonoridade.

Em termos de som, acho que o que mais mudou foi que antes tínhamos muito mais base do rock clássico. Hoje em dia ainda temos muita influência do rock clássico, mas tentamos mesclar isso com coisas mais doidas, riffs tortos, momentos inesperados na música, mudando de uma hora para outra. Tentamos colocar elementos mais contemporâneos na música sem deixar que ela perca a essência de bagunça do rock ‘n’ roll.

Como a banda vê a cena rock brasileira e o espaço que as bandas do estilo têm em palcos e com o público?

Em oito anos de banda passamos por grandes mudanças de mercado. Éramos ignorados quando tocávamos em evento de bandas EMOs, éramos vistos como velhos em shows de bandas coloridas, e hoje estamos vendo uma pequena mudança. Apesar de existirem bandas de modinha no mainstream, existe também um público muito grande carente de rock ‘n’ roll. Acho que a vinda de grandes festivais para o Brasil, como Lolapalooza, SWU e RnR, influenciou muito nisso, fazendo o público ver que rock é e sempre será legal. De dois anos para cá temos encontrado bandas de grandes qualidades no underground que tocam rock de qualidade com músicos de grande qualidade. Acho que a galera está se preocupando menos em fazer o som que a mídia pede e está correndo atrás de fazer seu próprio som, o que faz com que o rock nacional tenha novamente a sua personalidade que ficou perdida durante anos. Em termos de espaço, acho que ainda não é muito bom se compararmos com outros estilos. As bandas de rock ainda são tratadas muito mal por produtores de casas de shows, que às vezes não liberam nem bebida para as bandas. Uma banda com anos de estrada, que tem um mínimo de público, milhares de shows nas costas e trabalhos importantes já lançados, tem que exigir cachê e não se contentar com o simples prazer de tocar. O rock de verdade só voltará ao mainstream quando for valorizado pelos próprios músicos de cada banda.

E como vocês veem o espaço do rock na mídia?

Para o rock voltar a grande mídia, acho que ainda há um caminho muito longo para percorrer, pois não existe muito apoio das rádios, e a rádio é fundamental nesse percurso. A internet em termos de acessibilidade é bem legal para mostrar o seu trabalho, mas ainda não chega nem perto de ter o poder que uma rádio tem. Para falar a verdade acho que a internet serve como um cúmplice do “Jabá”, pois no momento que surgiu a internet, todas as bandas de rock pararam de encher o saco das rádio e correram para a internet, liberando o espaço das rádios para as mediocridades que ouvimos por aí hoje em dia.

Você escreve as letras das músicas do Besouros Verdez. O que te inspira?

O que mais me inspira é a nossa própria mediocridade, é vermos o quanto somos idiotas nas coisas e situações do dia-a-dia e não percebemos. Gosto de dizer que temos grande parcela de culpa em tudo que acontece ao nosso redor, pois temos mania de culpar sempre o próximo. Antes de falar mal dos outros, tenho que falar mal de mim mesmo e por aí vai. Na música “Ê vida louca”, isso é retratado muito bem e nesse próximo CD falamos diretamente disso doa a quem doer.

2 thoughts on “Antes de Singapura, Besouros Verdez fala sobre festivais e novo CD

  1. sou da cidade desses caras , falo sempre com CID e outros , cara quando ouvi o som de vocês eu senti como se o bom velho rock brazuka com aquela pegada clássica tive-se nascido de novo , ou levantado dessa grande hibernação. , foi foda e a primeira música foi irado , trocando pra ouvir outra , o estilo mudou total isso deixa muito foda , e minha favorita foi com certeza “ê vida louca”. que é o hino de uma cabada de rockqueiros que ama o estilo e não sabe pra onde ir , besourada sempre o encha-me que vai dominar esse pais !

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