DVD e show no Rock in Rio fazem Rodrigo Santos comemorar a vitória da (velha) nova fase

Dono de uma carreira solo muito bem-sucedida, Rodrigo Santos lançou três CDs e, agora, chega ao seu primeiro DVD. “Rodrigo Santos – Ao Vivo em Ipanema” tem participações de grandes nomes da música brasileira, como Frejat, Pepeu Gomes, Ney Matgrosso e outros. O show do seu projeto Kombi Elétrica e o clipe com a participação de Chris Pitman (tecladista do Guns’n’ Roses) cantando “Holidays In The Sun”, do Sex Pistols, também estão no novo trabalho do ex-baixista do Barão Vermelho.

Baixista, violonista, cantor, compositor e produtor musical que já tem uma extensa jornada na música e já tocou com grandes nomes como Lobão, Léo Jaime, Kid Abelha, Rodrigo bateu um papo com o GarotaFM e falou sobre o Rock in Rio este ano, momentos marcantes da sua vida e o show de lançamento, que acontece nesta sexta-feira (18/11), no Teatro Ipanema, no Rio (com convidados).

Fale um pouco sobre a ideia de fazer esse DVD e seu processo de produção.

Eu vinha de dois discos autorais e muitos shows e, quando fui marcar o show de lançamento de “Waiting On A Friend” no Teatro Ipanema, me ocorreu de gravar um DVD para registro. Um local tão bacana e diferente… Aí me deu o estalo de gravar um DVD geral do que vinha acontecendo na carreira solo, com as músicas dos três CDs. Valorizei as autorais e algumas de “Waiting”, onde acho que interpreto melhor. Foi um registro da minha imagem em alta qualidade, com 6 câmeras e dirigido lindamente pelo grande João Elias Jr e seu sócio, Luiz Paulo Assumpção. Eles me descobriram num show acustico (voz e violão) no Città América, um mês antes da gravação em Ipanema, ou seja, eu tinha marcado o evento, mas não tinha as câmeras ainda… (risos). Numa carona de volta para casa, ao ser perguntado por Luiz Paulo sobre quem filmaria, eu respondi: “Ninguém ainda.” Ali começou nossa parceria, que no caso do João Elias ainda se desdobrou para o programa Roda de Rock, onde serei apresentador junto com a Erika Martins. Em relação à produção, ficou praticamente tudo nas minhas costas e acabei fazendo a direção geral do DVD. Marcação de ensaios, roteiro, clima de show, escolha dos convidados, direção geral da passagem de som,  figurino, fotógrafos, making of, captação de patrocínio, venda de ingressos antecipada (na minha casa), textos para redes sociais, painéis para entrada do teatro com as marcas de patrocínio, arte das filipetas e banners. Arrumei praticamente tudo para o show do teatro e ainda me veio a ideia de registrar o show da Kombi um mês depois, pois essa historia tinha muito a ver comigo também. Sempre gostei de tocar em luaus, ar livre, na rua e inventar novas soluções de shows. Como estava muito falada a Kombi, resolvi gravar o DVD em duas partes e incluí-la também. O show do Teatro seria mais focado no repertorio dos CDs,  comigo no violão, voz (em quinteto, com Humberto Barros e Jorge Valladão) e o show da Kombi seria baseado no meu power trio Rodrigo Santos & Os Lenhadores, que inclui Fernando Magalhães (Barão) e Kadu Menezes (ex- Kid Abelha), que também participaram no teatro. Esse trio tem rodado o Brasil todo em mais de 20 shows por mês… Não poderia deixar de fora essa realidade. Nessa fase Kombi, eu cantei e toquei baixo e o repertório foi mais festa contando a minha história como baixista no Brock. Para a realização dessa etapa, contei com a ajuda de um amigo (Bernardo Egas) que conseguiu a liberação do espaço no WQS do Arpoador, final do campeonato de surf, dia 10/10/10. Lucio Maia e Jorge Valbuena me ajudaram nos eventos também. Em ambos o público marcou presença e compareceu em grande número, me deixando realmente muito feliz. Escolhi o Fausto Prochet para mixar o DVD inteiro (ele captou também). Belíssimo trabalho. Foi uma ralação sem precedentes a captação de tudo isso (contando com ajuda de São Pedro) e ainda da parte com Chris Pitman, no estúdio Jam House. O cenário da Latoog também foi muito belo, no teatro, assim como o PA, feito pelo Eduardo Zero (Dico).

Você recebeu vários amigos e parceiros nesse show. Fale um pouco sobre essas participações.

As participações foram escolhidas seguindo três critérios: quem já havia participado de algum dos meus CDs solo; quem foi importante na minha história como músico; e quem fez parte da minha formação musical na adolescência. Segui o mesmo critério na escolha do repertório, portanto, foi um DVD dos mais completos que já participei. Em alguns dos casos, a escolha acaba coincidindo em dois critérios. Por exemplo, o Ney Matogrosso foi influência em minha formação musical e cantou no meu segundo CD, portanto, cantamos uma música dele (dos Secos & Molhados) e outra minha, a do CD. O Frejat, nem preciso dizer o porquê, mas o mais interessante e não óbvio foi que não cantamos músicas do Barão, apesar dele ser super importante nessa minha parte da história, e sim que para esse momento era mais verdadeiro e importante que fizéssemos as duas músicas em que ele participou nos meus solos, aliás todas títulos de dois dos meus CDs, “Um Pouco Mais de Calma” e “Waiting On A Friend”. Isabella Taviani cantou comigo no terceiro CD e repetimos a canção, pois ao mesmo tempo em que eu gravava um DVD no Teatro Ipanema, também lançava “Waiting On A Friend”. Leoni participou do meu primeiro CD e no segundo fizemos a parceria que deu nome ao disco, “O Diario do Homem Invisível”. Foi essa que entrou no DVD e pela primeira vez juntos, pois no segundo CD cantei-a com Autoramas. Os Miquinhos entraram em dois quesitos, tanto fizeram parte da minha história como baixista, como participaram de meu segundo disco. Além disso toquei com eles em 1985 no Teatro Ipanema. Mesmo caso do Leo Jaime, afinal toquei  com Leo anos e também no Teatro, em 86. Toquei com a Blitz e Evandro solo em 2002, numa excursão de um ano. Pepeu foi minha grande influência, pois aprendi a tocar baixo escutando os LPs dele e tirando os baixos e riffs do Didi Gomes. Alguns grandes músicos entraram também, caso de Milton Guedes e Rogerio Meanda (Blitz e ex-Cazuza), muito pela grandeza de sua arte, um com sax e gaita, outro com a super guitarra. A distribuição de todos entre Teatro e Kombi obedeceu a alguns critérios meus, mas todos poderiam estar em qualquer dos eventos e até nos dois, caso dos Miquinhos, companheiros meus de surfe na decada e 80. Afinal, a Kombi foi dentro do WQS do surfe. Tudo a ver com Evandro (surfista do Arpex que se sentiu em casa) e Pepeu (nesse ultimo caso, mais pela Kombi Elétrica, que é uma mini extensão do trio elétrico). Leo Jaime poderia estar também no teatro, onde tocamos juntos em 86, assim como Frejat poderia estar na Kombi conosco. O Ney tem tudo a ver com teatro, luz, cenário, mas também ficaria sensacional na Kombi, pois ele é sensacional (e rock’n’roll) em qualquer lugar. Isabella também é rock! Kombi, teatro, tanto faz o que interessava era a escolha afetiva e emocional também, além da profissional. Acredito que funciono muito melhor quando as pessoas que estão ao meu lado têm afinidade emocional comigo. Tudo isso foi colocado em questão e também ficaram faltando Zélia, Moska e Lobão, mas quem sabe numa próxima. Sobre Chris Pitman, foi pura afinidade musical e emocional também. Ficamos amigos rápido e ele cantou em dois shows meus antes de eu convidá-lo a participar. Um grande cara! Todos ali foram escolhidos a dedo. Só gente da melhor qualidade.

Você tocou no Rock In Rio, e seu show foi super bem recebido. Conte essa experiência.

É verdade… Estávamos super a vontade e a fim de mostrar serviço. Já tinha participado em 91 com Lobão e em 2001 com o Barão. Em carreira solo foi diferente, como começar do zero! Sabia que faríamos um bom show, pois estamos azeitados na estrada, com 20 shows por mês, eu, Kadu Menezes e Fernando Magalhães, mas superou muito nossas expectativas, por melhores que fossem. Acho que entramos muito concentrados para ganhar o jogo, uma vez que éramos para o publico passante, ilustres desconhecidos. Mas escolhi um show para festival e deu certo. Acabou sendo o recorde de publico da Rock Street, deviam ter umas 10.000 pessoas e quem estava indo ver Ivete, parou e ficou lá com a gente. Foram três bis e gritos da galera de “palco mundo” . Super emocionante. Eu entrei muito feliz por estar ali, nada nervoso e sim curtindo cada momento. Para mim até passou rápido, mas foi quase uma hora e meia de show. Foi sem dúvida o show mais marcante da minha carreira solo e talvez da minha vida. Tinha um misto de garra e urgência, tipo: “Ó, estamos na área!!!”.

Fale sobre a turnê do novo trabalho.

Bom, como toda turnê que faço, terá um pouco de tudo, só que dessa vez mais músicas autorais nos locais que permitir cenário, luz, etc. Como já venho de muitos shows e estou com agenda fechada ate março de 2012, quando volta o Barão, vou me divertir e ao mesmo tempo cair dentro da divulgação desse DVD, o produto da minha vida. Foi feito com muita raça, carinho, perseverança e planejamento. Vou pra estrada e o levo debaixo do braço. Já tenho shows marcados em todos os estados, mas o lançamento oficial (apesar de eu já ter feito noite de autógrafos na Argumento e pré-lançamento no Rock in Rio ,inclusive vendendo na loja do festival) será dia 18 no Teatro Ipanema e talvez uma Kombi em janeiro.

Você está em algum projeto como baixista neste momento? Como tem conseguido conciliar com sua carreira solo?

Não, o único projeto como baixista é também como apresentador de um programa de TV (também como cantor), chamado “Roda de Rock” e os discos em que venho produzindo, caso da Marilia Bessy e Mauro Santa Cecília, onde também toco baixo. Nos meus shows sou o baixista e cantor, mas não toco como baixista de outros artistas ha tempos. Alias exceção a Mart’nália, no show em que fui diretor musical no Vivo Rio (Saúde Criança). Além de fazer meu show, toquei cinco sambas com ela, como músico. De resto não tem dado tempo ou folga na agenda para isso. Conciliarei em 2012 todos os projetos que vim cavando ao longo desses cinco anos, mas a prioridade será o Barão, a partir de março. Fecho um ciclo com esse DVD (4 discos) e abrirei outro em 2013.

Como e quando surgiu a idéia de tocar uma carreira solo?

Quando foi anunciada a segunda parada do Barão, num ensaio para a volta aos palcos em 2004. Frejat comentou no estúdio, que haveria uma nova parada em 2007 (sem previsão de volta). Ali decidi que ia me preparar para uma carreira solo e o primeiro passo foi dado em 2005, quando parei com álcool de drogas.

Qual o show mais marcante que você já fez na vida?

Esse do Rock in Rio 2011,  sem dúvida, pelo caráter emocional e pelo simbolismo de uma grande vitória na nova fase, a prova de que se trabalhando dignamente e com foco, as coisas acontecem, sem pressa de ser feliz. Tudo tem seu tempo. Ali, meu filho mais velho, Leo, me viu tocando no Rock in Rio!!! Pude estar com ele junto! Sempre pensei que com a parada do Barão, meus filhos não me veriam mais num momento tão importante, de orgulho… Antes, em 2005, com álcool e drogas, isso era inimaginável. Muita coisa mudou internamente e vendo meu filho e minha mulher ali, num dia tão importante, de uma carreira suada, no braço, não tem preço. Está eternizado no meu emocional e não apenas no profissional… Foi bem diferente e novo para nós. E garanto que Kadu e Fernando também tiveram esse sabor de… Vencemos!!!

Qual a experiência que mais marcou sua vida até hoje?

A de ter filhos e a de parar com álcool e droga, principalmente num meio tão careta, que é mais preconceituoso com quem não bebe ou usa drogas, do que ao contrário. O conceito de caretice está invertido, pois liberdade é transgressão e prisão (no caso emocional e interno do uso de drogas pesadas) é caretice. A vida é feita de escolhas e a liberdade de ser quem você é não tem preço. Mas muitas pessoas andaram esquecendo que já fui louco (no bom e mau sentido), um dos mais divertidos e loucos músicos do Rock, mas isso teve um preço e hoje me sinto muito feliz, há seis anos e meio sem usar nada. Isso para mim é liberdade e liberdade é sinônimo de não caretice… Se é que me entende. Precisar de um prato, um canudo, uma carreira para poder fazer as coisas, é uma prisão caretérrima e doentia. Saí dela… E junto abandonei o álcool também. Quando fui chamado para a campanha “Rock in Rio vou sem drogas.”, senti que os doidões de plantão estavam mais preocupados em pichar a campanha do que com o real teor dela, isso é preconceituoso, é defeituoso, é careta, é ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Mas eu relevo e perdôo, pois já fui assim também. Portanto mais respeito com quem viveu os dois lados da moeda. E o trabalho e meu astral e bom relacionamento com todo mundo falou mais alto. Cito esses momentos, filhos porque são o motivo real de se viver, de dar continuidade, com responsabilidade de estar junto, atento, amigo, parceiro, pai, vilão e mocinho, mas inteiro… Com a droga junto isso não é possível, e olha que não tem nada de religioso o que estou falando e sim de amor pela família, de entrega e dedicação. A droga tira isso das pessoas, isso é careta! Cuidar dos filhos é liberdade e quem acha que se drogando violentamente está cuidando de alguém, se ilude, é mentira. Portanto esses dois momentos estão intimamente ligados ao mais importante, pois se eu não tivesse inteiro e pleno, não poderia cuidar da minha família como cuido hoje em dia… E de mim também. Ao parar com álcool e drogas, tomei uma decisão que influenciou em todos os setores da minha vida e hoje em dia convivo inclusive com a malucada numa boa! Rs

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Required fields are marked *.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>