RIO – Depois de ter sua realização ameaçada pela falta de patrocínio, a 22ª edição do Prêmio da Música Brasileira, que aconteceu na noite de quarta-feira no Canecão, ficou marcada pelo espírito de colaboração entre os artistas. Eles atenderam ao chamado de José Maurício Machline, idealizador e condutor do evento, que tratou de agradecer à classe ao fim da cerimônia. Os principais vencedores da noite foram Zeca Pagodinho e Chico César, que receberam três prêmios cada.
“Queria agradecer a presença de todos vocês nesta noite muito especial. Sem o apoio dessas pessoas não seria possível a realização do prêmio este ano, em que tivemos recorde de trabalhos inscritos”, disse.
Este ano, o Prêmio da Música Brasileira recebeu inscrições de 809 CDs e 137 DVDs participantes. Destes, foram selecionados 103, divididos em 16 categorias.
Confira a lista completa dos premiados da noite
Enquanto Machline falava, diversos nomes eram exibidos num telão. Entre eles os do titã Charles Gavin, da cantora Fabiana Cozza e do pianista Cristovão Bastos, jurados do prêmio, da atriz Fernanda Montenegro, apresentadora da noite ao lado de Marcello Antony e Aloísio de Abreu, roteirista da cerimônia, e do cenógrafo Gringo Cardia (diretor de arte do evento). Machline ressaltou que o prêmio é, em si, um grande tributo à música brasileira:
“Nosso objetivo é buscar qualidade tanto através de artistas consagrados como de artistas desconhecidos. Este ano trouxemos Zabé da Loca, que não teria chance de aparecer se nao fosse o prêmio.”
A tocadora de pífano Zabé da Loca, uma pernambucana de 85 anos, 27 dos quais passados numa gruta (ou loca) na Paraíba, foi a vencedora na categoria revelação. Durante as cerca de duas horas do evento, o Prêmio da Música Brasileira consagrou tanto artistas conhecidos, como Milton Nascimento (dois prêmios na categoria MPB) e Zeca Pagodinho (três troféus na categoria Samba) como músicos que lançaram trabalhos independentes, caso de Renata Rosa, melhor cantora na categoria Regional com o álbum “Manto dos sonhos”, ou DJ Dolores, vencedor na categoria Eletrônico pelo disco “1 real”.
O paraibano Chico César viu seu “Francisco forró y frevo” ser premiado como Projeto Visual e melhor disco Regional. Ele também foi escolhido melhor cantor Regional e saiu do Canecão como um dos grandes vencedores da noite.
“Acho que esse prêmio é raçudo. Foi trocando de patrocinador, depois perdeu e mesmo assim continuou. E tem que continuar independentemente de tudo, porque a música também continua”, disse ele.
“Só de o prêmio existir já está bom. Está difícil no mundo inteiro o negócio da música. Ainda bem que o Zé Maurício não deixou o prêmio morrer”, completou Milton Nascimento.
Paula Toller, vencedora na categoria melhor cantora de Pop/ Rock, estava especialmente realizada:
“Eu ganhei o prêmio de Revelação em 1998, quando lancei meu primeiro CD solo. E agora é muito legal estar aqui, com o meu segundo disco solo. É um reconhecimento ao trabalho dos artistas, que às vezes é muito chato nos bastidores. Mas tudo vale a pena, porque quando a gente sobe no palco vai para outro planeta.”
Durante a cerimônia, diversos artistas subiram ao palco do Canecão para homenagear a cantora Clara Nunes. Entre eles Maria Bethânia, que interpretou “Canto de areia”, e Lenine, que dividiu com o filho João Cavalcanti uma releitura de “O mar serenou”.
Ao fim, um emocionado Machline abriu o coração para a plateia.
– Eu amo este prêmio.
Veja as homenagens a Clara Nunes que rolaram durante a noite:
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